terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ética e troca do óleo do motor

Com que frequência devo inspecionar e trocar o óleo do motor da minha moto?

A inspeção deve ser diária, porque vazamentos podem começar de um dia para outro. E sempre antes de retornar de uma longa jornada, tipo 200 km ou mais.

Não tenha medo de completar e perder a garantia, o manual do proprietário diz que VOCÊ DEVE completar o óleo no período entre as trocas.

Quanto à frequência das trocas, minha sugestão é que você sempre leia e obedeça ao manual do proprietário, MAS NÃO DEIXE QUE TE FAÇAM DE BOBO!

Imagem: Propaganda de óleo sem noção

Faço meu o comentário do Eliezer (Neka) postado na internet sobre essa propaganda: 

“Sem noção" é quem cria uma campanha como esta. 

Eu, Jeff, tenho muito boa noção e sei o que é melhor para minha moto. E não será uma propaganda dessas, que desrespeita o consumidor que não usa esse óleo, que vai me convencer a usá-lo.

De uns tempos para cá tenho notado que as empresas estão mais interessadas em ter um mercado de consumidores cativos (no pior sentido) do que em vender produtos confiáveis.

Hoje em dia, vale-tudo. “Vamos esfolar os patos porque eles não reclamam mesmo...”

E um bom exemplo é a frequência recomendada para a troca do óleo do motor.

Antigamente No meu tempo, as motocicletas de pequena cilindrada sempre trocavam o óleo aos 1.000 km. Foi assim com minha primeira moto na virada dos anos 70 para os 80.

Mas há alguns anos, sem que houvesse alguma revolução significativa nas características mecânicas dos motores, a recomendação mudou para 1.500 km... 

Bom, vá lá... essa quilometragem até é possível, desde que você use um óleo muito bom e fique sempre atento ao nível, porque abaixar é normal.

O problema é que da mesma forma que antigamente, os óleos se degradam com o calor e as pancadas a que são submetidos, e algumas marcas (mobilize-se e pesquise) aos 700 km já estão tão finos e pouco viscosos que o motor começa a fumar e consumir óleo através da folga normal dos anéis do pistão.

Você pensa que é sua moto que está com problema no motor, mas é o óleo que é ruim (geralmente, quanto mais propaganda tem o óleo, pior ele é... propaganda preocupada em vender imagem de qualidade geralmente é feita para ocultar os problemas de um produto ou empresa. Pior ainda é chamar clientes em potencial de sem noção. Quem tem noção de verdade não cai nessa.)

Até existem óleos que conseguem chegar saudáveis aos 1.500 km, mas o custo é muito alto e são difíceis de achar... em geral, a média de desempenho eficiente dos bons óleos é mesmo de 1.000 km para motos arrefecidas a ar.

Insistir em prolongar essa quilometragem só faz a alegria do fabricante da moto, porque seu motor se desgastará mais cedo e você será obrigado a comprar peças de reposição, adivinha de quem.

O pior é que de uns tempos para cá começaram a aparecer motos arrefecidas a ar com período de troca de óleo recomendado de 3 ou 4 mil km

Como é que é???? 3 ou 4 mil km???

Meu amigo, minha amiga... caia na real antes que seu motor vá para o infinito e além.

Uma quilometragem tão mais elevada só se justificaria para motos com algum diferencial mecânico que não sacrificasse tanto a vida do óleo. Arrefecimento líquido, por exemplo.

O arrefecimento a água + aditivo, que o pessoal da "imprensa especializada" chama de refrigeração líquida (mas como seu motor não faz cubinhos de gelo, então o nome certo é mesmo arrefecimento líquido) é um sistema que evita o superaquecimento do motor e, portanto, do óleo.

Nos motores arrefecidos a ar, o óleo ajuda a remover o calor das partes mais quentes (cabeçote e cilindro) e dissipá-lo na parte baixa da carcaça, por isso que é tão importante manter sempre o nível de óleo próximo do máximo recomendado. 

Motores arrefecidos a ar trabalham mais quentes, e a alta temperatura é inimiga da vida útil do óleo.

Ora, se a sua moto é arrefecida a ar, ou a ar e óleo (caso das 250 equipadas com radiador de óleo), não há tecnologia no mundo que permita uma vida útil 3 a 4 vezes maior para o mesmo tipo de óleo mineral que até outro dia só rodava 1.000 km e olhe lá.

Óleo semissintético permite isso? Não sei, nunca testei e tenho sérias dúvidas.

Sou defensor da ideia de que, no mundo capitalista selvagem que vivemos, devemos desconfiar das intenções do fabricante de sua moto quando ele promete milagres como esse. Um lado só tem a ganhar enquanto o outro (você) tem tudo a perder.

Caso você perceba que sua moto está barulhenta, com dificuldade de engatar as marchas, dificuldade de achar o neutro, esquentando mais do que o normal, verifique e complete o óleo imediatamente, e considere seriamente a possibilidade de reduzir o intervalo das trocas.

Uma moto com óleo baixo ou muito fino (que perdeu a viscosidade por excesso de quilometragem) não apresenta perda de rendimento. Pelo contrário, ela costuma andar muito bem, porque isso facilita o giro do motor.

Em compensação, seu câmbio e outros componentes que dependem de uma viscosidade mais elevada para a lubrificação correta estarão sendo sacrificados e a conta da oficina virá mais tarde, e não será pequena.

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

19 comentários:

  1. É fato, Darci.

    Trocar o óleo em casa permite avaliar melhor as condições da moto, você pode abrir o filtro de tela e analisar se há partículas de desgaste, e terá a certeza de montar o filtro novamente da maneira correta. O chato é ter de levar o óleo usado para descarte no posto de gasolina... e a dor nas costas para quem passou dos 50... aliás, hoje ela tá que tá, mas amanhã será outro dia.
    Obrigado por acompanhar o blog, e um abraço,
    Jeff

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    1. hahahhh dor nas costas de quem passou dos 50, eu mal passei dos trinta e já fico quebrado.
      Outro ponto sobre o filtro de tela, é que nem sempre o mecânico olha, lembra daquela vez que tinha um monte de porcaria no filtro da minha?
      Passou por um mecânico que abriu o motor e ainda assim o filtro estava cheio de sujeira.
      Tem coisas que é melhor fazer em casa mesmo, além de tudo você conhece melhor sua motoca.

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  2. É verdade, Vinícius.
    Eu levo na troca de óleo especializada, mas se eu não exigir que abram o filtro de tela, fica por isso mesmo. E ainda por cima montam errado...
    Juntando os dois assuntos, só não lavo e troco o óleo eu mesmo por causa da danada da dor nas costas... que começou aos 30... hehehe... ai...não faz eu rir...
    Um abraço,
    Jeff

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  3. Na minha ninja 250 eu tenho colocado o nível do óleo um pouco acima do recomendado e o cambio fica bom até a hora de trocar. Lí um artigo que dizia que nível inadequado de óleo faz com que o óleo seja mais exigido (por receber menos fluxo de "óleo fresco"), o que acelera o desgaste do óleo e, no fim das contas, é equivalente a usar um óleo de menor viscosidade por conta do aumento da temperatura local e o decorrente desgaste prematuro do óleo. Confere?? Uma observação interessante é que lá no exterior a recomendação de troca o óleo dela é de 3 a 6 mil milhas, dependendo das condições de rodagem (cidade ou estrada)... dá de 61 a 122% a mais do que aqui recomendam as concessionárias (trocar a cada 3 mil km)

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  4. É isso mesmo, Luiz Carlos. Óleo baixo exige mais do motor, ele superaquece e fica ainda mais fino. Por coincidência, eu havia abordado esse assunto na postagem de hoje, 07/03. Até agora a kawasaki foi a empresa que melhor recomendou o procedimento de medição do nível de óleo, sem induzir o cliente a erro, e fico contente de saber que estão considerando um intervalo de troca mais reduzido que no exterior em função de nosso clima.
    Um abraço,
    Jeff

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  5. Eu tenho uma ninja 250 também. Troco o óleo a cada 3000Km e não tenho problemas com barulho no motor ou câmbio irregular. Mas vale enfatizar o monitoramento do óleo e o uso em condições "normais"(sem forçar muito a moto).

    Parabéns pelo Blog Jeff conheci a pouco tempo e já sou leitor sedento. muitas informações úteis por aki. Sucesso e que continue com essa qualidade!

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  6. Olá Jeff, hoje de manhã fiz a troca do óleo da minha Titan 150, acabei de completar aqui em casa e na primeira leitura só molhou a ponta da vareta medidora, quase não achou óleo (agora já está no Max).

    Duas dúvidas:

    1 - Óleo aberto misturado com novo, algum problema? Esta foi a 4ª ou 5ª troca de óleo depois que eu conheci o blog, na qual completei logo ao chegar em casa (depois de horas, com motor frio claro, rs).
    O meu litro está praticamente no fim agora (já trouxe um novo pra próxima troca), e bateu essa dúvida. Usei sempre esse mesmo litro para completar, e fica sempre armazenado dentro de casa, bem fechado, não pega pó nem luz ou umidade.
    A marca é a mesma, Mobil. A embalagem mudou e me lembrei desse "detalhe".
    Imagino que não mas não custa perguntar.

    2 - Após completar, é preciso funcionar/andar um pouco ou nada?

    Acabei de ler a postagem de hoje, imagina a velocidade e força da batida pra ter deixado o carro naquele estado... uma pena mesmo.

    Abraço!

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    1. Olá, Wesker!
      1) Não tem problema não.
      O que deteriora o óleo em curto prazo é a permanência no cárter, onde lee entra em contato com combustível não queimado, gases da combustão e vapor de água, que formam uma mistura ácida. Dentro da embalagem lacrada o prazo de validade é indeterminado, e com a embalagem aberta o contato com o ar preso lá dentro irá oxidar lentamente a camada superficial, mas não chega a comprometer todo o volume do óleo. Nada preocupante diante do que ele irá enfrentar lá dentro do motor.
      2) Não precisa não. É importante funcionar para medir, mas depois de completar, o óleo circulará normalmente na próxima utilização.
      3) Eu calculo por baixo 150 km/h.
      Um abraço,
      Jeff

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  7. Olá Jeff, venho acompanhando seu blog há algum tempo e intuitivamente já desconfiava do Óleo 10W30 que a honda recomenda no manual (sou dono de uma CG 150 Fan 2015 com meros 12 mil rodados) Uso a moto para percusos curtos de 3 a 4 vezes por dia levando minha namorada com intervalos de pelo menos 3 horas parado entre eles, e percebi que após 600 km em média apos a troca do óleo o cambio ficava duro e seco (mais do que já é) engatar o neutro com este óleo quente era um sofrimento só! E o motor fazia mais barulho (um barulho agudo e chato que só consigo descrever como se houvesse um par de sinos batendo embaixo da tampa do cabeçote) Pois bem hoje tomei coragem e troquei o óleo dela para o Motul 20W50 Mineral e notei algumas diferenças que me fizeram ficar meio receoso:
    A partida do motor que sempre foi rápida está mais lenta, com o 10W30 era sempre ágil o motor já ligava um pouco acelerado e depois normalizava. Eu sempre ligo a moto e espero 1 ou 2 minutos antes de sair pra que o óleo circule e não forço o motor nos primeiros 5 minutos. Agora o que mais me chamou atenção é que com este óleo o motor ficou mais lento no sentido de aceleração, demora mais pra atingir a mesma velocidade, vibra mais em baixas rotaçoes e aparenta ter uma inércia maior, digo, como se o efeito redutor do motor fosse mais fraco e consequentemente a frenangem demora mais pois a rotaçao do motor cai mais lentamente. (desculpe o jeito de explicar rs) Ah e antes que eu me esqueça! O câmbio não ficou tão suave quanto ficava com o 10W30 novo. Minha dúvida: Será que pelo fato do motor ser relativamente novo não é melhor continuar usando o 10W30 com intervalo de troca menor?

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    1. Olá, leitor!
      Quanto óleo foi colocado nesse motor? Não passou de 1,2 litro, certo?
      A partida ficar mais pesada é algo esperado, o óleo mais viscoso "rouba" um pouco mais de potência do motor. Mas os outros sintomas que você descreve são maiores que o esperado.
      Se você não está se sentindo confortável com esse óleo, aproveite que já lavou o cárter com o motul e troque para um 10W-40 mineral. A viscosidade será intermediária e deverá melhorar o comportamento geral. Ou continue com o 10W-30 depois de lavar novamente o cárter para voltar a usar o semissintético.
      A pior coisa é ficar com receio em relação a sua moto.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. E além do intervalo de troca menor que você fala, a conferência frequente do nível é fundamental para óleos 10W-30. Eles somem do cárter muito mais rápido.
      Eu de novo,
      Eu

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    3. Eu voltei a usar o 10W30 aqui onde moro é difícil achar óleo 10W40 ou 15W40 e quando se acha é caro, acaba não valendo a pena. Eu verifico constantemente o nível de óleo e mantenho uma garrafa em casa pra completar. Vou fazer como falei antes, vou trocar com intervalos menores ou assim q perceber o desgaste do óleo, eu costumo analisar até o cheiro da vareta quando faço a medição rsrs. O que tá me preocupando agora é que descobri que o filtro e a centrífuga de óleo nunca foram limpos! Fui ao mecânico que costumo fazer a manutenção e ele disse que eu não precisava me preocupar com isso, só caso o motor começasse a bater. Eu to meio desconfiado... O próprio manual da Honda diz que essa verificação deve ser feita aos 12 mil km, e já to chegando nos 13 mil. Não me agrada a ideia esperar o motor chegar num estado crítico pra correr atras do prejuízo. O que acha?
      >> Marconni Galvão

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    4. Olá, Marconnni!
      Depois que o motor começa a bater já é meio tarde para limpar o filtro, né? O prejuízo já está feito...
      O motor poderá ter começado a bater justamente por causa da deficiência de circulação do óleo causada pelo bloqueio do filtro de tela...
      Passar 1 mil km da hora de fazer essa limpeza não causa problema, o que não pode é deixar passar muito desse intervalo, tipo dobrar ou triplicar o intervalo de limpeza.
      O grande problema do óleo 10W-30 é justamente essa necessidade de estar sempre atento ao consumo, uma preocupação que tem faixa de tolerância maior nos óleos de outras viscosidades. E a espessura da almofada de óleo entre as peças, que é quem garante o contato mínimo de metal com metal.
      Um abraço,
      Jeff

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  8. Jeff, Boa tarde,
    Tenho uma intruder 125 e sempre utilizei Motul 20W50 3000 (mineral) e sempre troco o filtro junto com o óleo à cada 1000km.
    Esse mês acabei colocando na moto filtro novo e Motul 20W50 7100 (sintético), reparei que até a coloração dele é avermelhada.
    As duas perguntas são:
    - Usando esse óleo sintético (e passando a usar somente ele) poderei rodar cerca de 3000km sem ter de trocar ou tenho que continuar trocando o filtro de óleo à cada 1000km rodados?

    - Quanto de militec eu poderia/deveria colocar no motor da minha intruder 125?

    Obrigado

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    1. Olá, Kamikaze Zero!
      A melhor pessoa para responder essa pergunta é você mesmo! Nunca usei esse óleo.
      O óleo sintético permanece mais tempo sem se queimar, então fica com aparência de novo por mais tempo. Qual a quantidade de partículas removidas durante seu funcionamento? Elas é que irão para o filtro de óleo. 3 mil km me parece ser o limite para um óleo semi/sintético em motos esfriadas a ar. Em carros dura mais por causa do arrefecimento com água.
      Melhor você mesmo avaliar e dizer o que encontrou daqui a algum tempo.
      Não acho que seja necessário colocar militec em um óleo sintético, ele já é bastante aditivado de fábrica. Caso queira colocar, siga as recomendações da embalagem proporcionalmente à menor quantidade de óleo do cárter de sua moto.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. esse motul 7100 é recomendada a troca com até 10 mil km pela Harley davidson. Use o 5100 e troque com ate 5 mil.

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    3. Olá, leitor!
      Só lembrando, as condições de trabalho do óleo dentro de um motor H-D são muito mais tranquilas do que em qualquer outra moto.

      Motores da harley usam um óleo exclusivo para o motor e outro exclusivo para o câmbio, não é tudo em comum como nas motos japonesas.

      Além disso, esses motores giram em rotações bem mais baixas, harleys têm torque máximo a 2.500 rpm, o motor de uma Falcon por exemplo tem torque máximo a 6.500 rpm.

      Por isso uma Harley rodar por 10 mil km não desgasta e deteriora o óleo da mesma maneira que qualquer outra moto.

      Um abraço,
      Jeff

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