quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Festival de acidentes facilmente evitáveis

Vídeo do canal DirtBike Lunatic com vários acidentes totalmente evitáveis com um pouco menos de velocidade e um pouco mais de atenção.



Logo no começo chama a atenção o acidente espetacular no Japão (onde todo mundo anda na contramão em relação a nós):

As motos vão em alta velocidade sobre uma pista molhada e não esperam encontrar alguém fazendo uma ultrapassagem permitida... nem o motorista espera encontrar motos em alta velocidade. 

Esse é o perigo de contar apenas com a sorte.

O acidente no cruzamento aos 01:20 acontece porque o carro não respeita a preferencial — note que o filmador foi precavido e reduziu a velocidade porque sabia que o cruzamento era problemático.

O outro piloto foi na inocência e se machucou. E o motorista se mandou.

Um belo exemplo da eficiência da pilotagem defensiva em nos livrar de encrencas, e da falta que ela pode fazer. Tendo oportunidade, faça um curso presencial de pilotagem defensiva!

Aos 2:09, veja a dificuldade que é parar uma moto em alta velocidade... se você deixar para frear na última hora, acontece isso aí. Um amigo meu fez isso com uma CG, minha primeira moto dele.... mas eu tinha a desculpa da pista molhada. 

Outro caso interessante é o atropelamento aos 2:24.

Ele acontece apesar da baixa velocidade (15 milhas por hora são 24 km/h).

Quem está mais errado, o piloto ultrapassando desatento?

Ou a pedestre atravessando sem olhar uma via com o trânsito parado? 

E quem poderia ter evitado o acidente?

Se o cara não pula fora da moto no acidente dos 3:00, a história dele tinha acabado ali naquele poste.

Ao entrar em uma curva no limite de velocidade e inclinação da moto, basta uma pedrinha ou uma poeirinha para o pneu perder a aderência e você sair surfando o asfalto.

Já o piloto de via urbana japonês demonstra aos 3:45 porque autódromos são importantes. 

Se viesse um carro enquanto ele está andando na contramão, tinha comprado um terreno ainda mais cedo. Ou um carro batido.

Aos 4:43 uma bela demonstração de fixação do olhar — a moto vai para onde você olha — e porque você não pode se descuidar da própria rota. Preocupado com o amigo, o filmador se machucou mais do que ele.

O cutucão aos 5:22 serve para mostrar como você não pode se desligar do trânsito à sua volta.

Rotatórias desviam o olhar e a atenção para a outra pista, então o risco de alguém levar um crau por trás (ui!) é grande (epa!).

Aos 5:40, hehehehehehehehehehehehe. Se preocupe em pilotar e não  em dar tchauzinho para o seu amigo te filmando.

E os acidentes com o pessoal fazendo wheelie e com as motos de trilha eu nem comento — entendo que fazem parte da diversão de quem os comete.

Um abraço,

Jeff

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Como cair no asfalto molhado em dia de sol

Rodar por uma serra tem esse perigo — no lado não iluminado, depois de uma curva, a pista fica úmida o dia inteiro por causa da sombra e da vegetação, e às vezes por um riachinho que desce da montanha.



Ninguém espera pegar asfalto molhado em dia de sol e se você vem fazendo a curva em alta velocidade, o resultado é esse aí

De repente a aderência desaparece e você vai para o barranco ou a mureta + precipício.



Por melhores que sejam os pneus de uma esportiva, a velocidade em pista seca não pode ser a mesma que em pista molhada.

Então o negócio é nunca entrar no limite se você não sabe se depois da curva virá um trecho molhado.

Agora você leitor do Minha Primeira Moto já sabe que as serras têm essas surpresas e não vai cair nessa.

Fico feliz por você e sua moto. 

Um abraço,

Jeff

domingo, 28 de agosto de 2016

triumph e sua cara de pau

Cara de pau é a coisa mais suave que eu posso dizer da triumph, porque neste país não é crime ser cara de pau, então não estou praticando ofensa.
Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/Triumph_Daytona_650

triumph Daytona 675 foi lançada em 2006 na Europa e logo começou a pipocar motor estourando a torto e a direito...

 

E não só correndo na pista, mas em uso normal...


Notou a semelhança com o caso dos proprietários de dafra Kansas e Speed, e honda com motor estourado / cabeçote trincado?

Não é coincidência.

Sabe o esquema do óleo?

Pois é...

O manual do proprietário da triumph Daytona 675 diz que ela usa 2,6 litros de óleo no motor.
Está dito lá na página 109:

3,0 litros com motor seco (desmontado)

2,6 litros com troca de óleo e filtro

2,4 litros com troca apenas do óleo

Só que os proprietários descobriram que a incoerência entre o que o manual dizia e o que eles encontravam no motor era tão grande que o enganozinho do manual foi revelado.

Para chegar ao nível de óleo correto, o motor precisava de 3,8 litros de óleo.

1,2 litro (!!!!!) a mais do que falam no manual.

600 ml a mais do que a capacidade máxima de óleo que falam no manual.

A coisa ficou tão feia para a triumph, com as motos ganhando fama de não serem confiáveis, que eles tiveram que tomar uma atitude.

Pensa que eles corrigiram a informação do manual, ou vieram a público alertar os proprietários?

Não, a triumph quase bateu o recorde mundial da cara de pau.

Eles trocaram a vareta medidora do nível de óleo e mantiveram a informação da quantidade no manual inalterada até hoje.



A nova vareta medidora da Daytona 675 é mais curta e marca o nível correto bem acima do anterior... nos 3,8 litros.

Até hoje não tem uma palavrinha no manual da Daytona falando sobre isso.
Atualização:

Hoje, 16/05/2017, o leitor Pedra Veloz postou um comentário estranhando o vídeo de um mecânico informando que é necessário parafusar totalmente a vareta antes de medir o nível de óleo.

Foi um detalhe que notei na página acima, e que seria importantíssimo ter comentado, mas na época da publicação eu estava tão indignado com os fatos descritos aqui que acabei me esquecendo.

Note que todo o restante da postagem está correto, apenas faltou comentar essa particularidade do sistema de medição da triumph.

Prossegue a postagem original sem alterações:

A triumph corrigiu o problema apenas para os donos que forem espertos de conferir o nível do óleo, sem mencionar que a quantidade está estupendamente errada.

Complementando a informação, a triumph convocou um recall sim, só que para o modelo touring para longas viagens Sprint 1050, dizendo que o comprimento da vareta estava errado — e não que a quantidade de óleo do manual é absurdamente errada.

Alegou que o erro poderia fazer com que "proprietários retirassem óleo do motor pensando que havia excesso". A velha tática de jogar a culpa nas costas dos clientes.

Não disse que os proprietários abastecendo por conta própria correm o risco real de deixar as motos a seco... 


Isso não envolve somente as Daytona, as triumph Street Triple usam basicamente o mesmo motor.
Imagem: https://en.wikipedia.org/wiki/Triumph_Street_Triple

Na concessionária, eles sabem disso e devem estar colocando a quantidade certa... hummm.... será? 

Será que estão mesmo fazendo a coisa certa?

E quem deixar de levar na concessionária e acreditar no manual, vai colocar somente a quantidade recomendada sem conferir o nível — como todo mundo faz...

Não sabendo dessa pegadinha, o dono vai ver o motor abrindo o bico com baixa quilometragem que nem dafra Kansas e Speed, e hondas com óleo 10W-30 — as motos nacionais mais afetadas em curto prazo por essa prática.

E o manual da triumph ainda fala: "Se o nível de óleo estiver abaixo da marca inferior, (...) adicione óleo".... 

Quando o óleo está abaixo do mínimo, aí já detonou tudo.
Imagem: Vídeo de motor triumph detonado por corte de giro e falta de óleo

A triumph nem sequer deu o braço a torcer sobre a enorme фруктовый салат que aprontaram.

Aí eu pergunto, você não se decepciona com quem faz coisas assim?

Note que isso não é diferente do que fazem todos os outros fabricantes de motocicletas, exceto as americanas. 

E não é questão de defender esse pessoal, nem sequer sou fã de motos enormes — e aquelas motos nem concorrem no mesmo enorme mercado que as montadoras nacionais denunciadas.

Descobri essa história toda conversando com um ótimo mecânico que já foi proprietário de uma e confirmei tudo pesquisando na internet.

A triumph só não bateu o recorde mundial da cara de pau porque esse será eternamente da dafra, que em vez de corrigir o problema com uma vareta que permitisse descobrir a coisa toda, alterou o manual da Kansas 150 para mascarar o fato.


Imagem: Pesquisa google

Resumindo, fiquei extremamente decepcionado com o retorno da triumph... 

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Corredores viciantes e corredores viciados

Você pensa que o único perigo do corredor são os carros e caminhões?

Está muito enganado...



Um corredor completamente parado oferece o perigo de motoristas abrindo a porta, pedestres e vendedores circulando entre os carros e, como você viu, outras motos tentando entrar no corredor.

Rodar no corredor em alta velocidade no corredor tem outro perigo:

Reparou no efeito hipnótico dos carros passando?

Isso pode te deixar desorientado.

Esse efeito é viciante porque descarrega uma adrenalina louca, e o seu corpo adora adrenalina.

Você começa a andar cada vez mais rápido sem perceber, até chegar uma hora em que alguma coisa dá errado.

E aí você não tem tempo de parar e nem espaço para desviar.

Maneire a velocidade para ser capaz de frear antes de bater contra algo que apareça na sua frente.

Em uma situação dessas, é impossível parar a tempo rodando a mais de 40 km/h.

Além do tempo desacelerando, você gasta um tempo entre ver o perigo e começar a acionar o freio, mais o tempo que a moto vai desacelerar.

Quanto maior a velocidade, maior a distância percorrida antes de conseguir parar a moto.


Bom vídeo do Leandro Mello!

Quando um perigo se torna visível no corredor, você já está em cima dele, não dá tempo de fazer nada.

Vá na boa...

Quando todo mundo está parado, rodar a 40 km/h já é uma grande vantagem das motos.

Quem abusa da velocidade entre os carros acaba se acidentando e fornece munição para o pessoal que quer banir as motos do corredor.

Não seja um corredor no corredor — não provoque um acidente.

Não colabore para este mundo se tornar ainda mais chato e careta.

Um abraço,

Jeff
PS: Por coincidência, esta postagem estava programada para hoje e na noite anterior fui informado pelo leitor José Carlos Aires de uma reportagem do g1 sobre o corredor... parece que Alguém lá em cima está querendo dizer alguma coisa pra nós... Você pode acessar a reportagem neste link.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Garupas inexperientes e pilotos desligados

Veja o que acontece quando a blusa carregada pela garupa se enrosca na coroa da moto.

Note a blusa pendurada no braço da garupa aos 03:05... 

Aos 06:50, quando eles passam por uma rotatória, a manga enrosca na corrente e a moto estanca sozinha.

É mesma coisa que pisar no freio com força, só que o trânsito em sua volta não está esperando que você pare no meio da pista — e sem acender a luz de freio...



Como o piloto disse, eles tiveram muita sorte.

Se a blusa fosse de um tecido mais grosso, ou eles estivessem em maior velocidade, a roda teria travado totalmente e o tombo seria inevitável.

Agora imagina isso acontecendo no corredor da marginal ou na rodovia...

Ou na hora em que eles estavam a 135 km/h...

Note que foi a primeira vez da menina em uma moto, ela não afivelou o capacete, nem o piloto atentou para isso.

Se eles realmente tivessem caído, ela iria perder o capacete e bater a cabeça no chão, a menina possivelmente teria morrido por esses dois descuidos do piloto.

Muitos acidentes fatais "inexplicáveis" acontecem por pequenos descuidos como esses.

Uma blusa ou peça de roupa enroscando na corrente pode ser fatal, ainda mais com o capacete solto na cabeça.

Sua garupa nem sempre tem essa percepção do perigo, cabe a você piloto/pilota conferir se tudo está em ordem antes de dar uma carona.

Uma garupa inexperiente pode nem saber como usar um capacete...



Se algo ruim acontecer com sua garupa, você será a única pessoa que poderia ter evitado isso, e não fez sua parte... é remorso para toda a vida.

Antes de sair com a moto, dê uma conferida se alguma coisa não irá representar perigo se soltando com o movimento da moto.

Fique atento para as coisas que sua garupa carrega.

Tentar tirar ou vestir uma blusa com a moto em movimento é perigoso demais, oriente sua garupa para não fazer isso.

Suas vidas e a vida da sua moto podem depender desse cuidado básico.

Um abraço,

Jeff
PS: Só lembrando, o uso de viseira fumê à noite é proibido e dá multa...

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Carta às montadoras — parte final

Poxa, donas fabricantes, o pessoal já dá um duro danado para conseguir comprar as motos simplezinhas mais caras do mundo...

E ainda tem que morrer com a grana da retífica depois de apenas 50–60 mil km, e até menos?

Imagem: http://www.kibando.com.br/tag/burro/

É de virar a cabeça...

Por que os motores de motos fabricadas pelas distintas senhoras, tão famosas pela tecnologia e qualidade, duram tão pouco?

Um motor bem cuidado passa brincando dos 150 mil km sem fazer retífica... conheço gente que chegou a 180 mil, e até um motoqueiro de Goiânia que chegou a 300 mil km... sem fazer o motor...

Em compensação esse óleo novo bom pra chuchu que andaram recomendando por aí porque era melhor, durava mais e protegia ainda mais o motor... nem vou falar nada.
Comentários sobre o lançamento do óleo 10W-30 no blog Motociclando: https://motociclando.wordpress.com/2011/01/13/o-casamento-esta-chegando-ao-fim/

As senhoras não acham estranho que nas motos de antigamente sem essas modernices os motores duravam muito mais?

Será que esse enganozinho das suas concessionárias que só colocam uma merreca de óleo, em vez de fazer o que as senhoras mandam, será que isso não está ajudando a acabar com a durabilidade dos motores?

Tenham dó dos clientes, donas fabricantes... os motores das motos poderiam durar três vezes o que duram hoje, sem poluir e sem pedir retífica...

Isso sim seria ecológico. Gerar sucata antes da hora é um desrespeito com a natureza.

As senhoras falam tanto em preocupação com o respeito ao meio ambiente... não seria bacana fazer esses motores durarem o tempo que realmente poderiam durar?

Afinal, as senhoras falam nas propagandas que colocam o máximo de qualidade e tecnologia à disposição dos clientes...

Que qualidade e tecnologia são essas que estão deixando todo mundo irritado com as motos novas fumando e fundindo o motor?

Algumas muitas até trincando o cabeçote...

Ah, falando em moto fazendo fumaça...

Sabe, parece meio que totalmente hipócrita falar em respeito à natureza, reduzir emissões de poluentes — e não fazer uma coisa tão simples como colocar a quantidade certa de óleo.

Eu sei que as senhoras seriam incapazes de falar uma coisa e fazer outra — então seria bom cobrar isso das suas concessionárias para os nossos motores durarem mais, gerarem menos sucata e preservar o ar que respiramos....

Donas fabricantes de motos, mais uma pergunta:

As senhoras investem tanta grana em propagandas bonitas e reportagens pagas nas revistas especializadas, porque não vêm a público utilizando uma fração dessa verba para esclarecer esses fatos tão importantes para tanta gente de uma vez por todas?

Para não deixar a coisa feia como está ficando para as senhoras, vocês bem que podiam fazer uma campanha na televisão e revistas, tipo um recall do bem...

Aí iam ensinar pra todo mundo como se mede o nível de óleo do jeito certo — ligando e desligando o motor — e como é importante completar o nível, deixando bem claro que não adianta colocar apenas a quantidade recomendada.

Aliás, melhor ainda:

Por que já não dizem a quantidade certa logo de uma vez?

Aí ninguém ia estragar o motor tão rápido!

Nenhum proprietário ia ter prejuízo nem correr risco de vida por travamento do motor em alta velocidade.

Porque tem gente que se bitola nessa quantidade errada que as senhoras informam e não atenta em completar o nível...

Tem gente que confia na qualidade do serviço das concessionárias e não confere o nível de óleo... se confere, confere do jeito errado ensinado pelo seu pessoal...

E na hora em que o motor abre o bico, seu pessoal diz que "a culpa é do cliente" e negam a garantia... coisa feia.

Tem até cliente que fica na dúvida quanto ao nível de óleo e pergunta para os seus vendedores, e eles dizem que "não pode colocar uma gota a mais do que a quantidade recomendada"... 

Pois é, donas montadoras... seu pessoal fala que é isso que as senhoras mandam fazer... eles estão falando a verdade, donas montadoras?

Eles juram de pé junto que fizeram treinamento da fábrica. E se alguém contesta, eles perguntam se a gente "por acaso sabe mais do que o fabricante"...

Desculpem dizer, donas montadoras, mas esse pessoal ou é muito mentiroso ou é muito mal treinado.

Eu não sei mais do que ninguém, mas sei ler o manual e sei que não é isso que está escrito lá... 

Então porque as senhoras montadoras deixam seus representantes diretos junto ao público fazerem essas besteiras com nossas motos?

Por que as senhoras deixam eles falarem essas mentiras pra gente sem receber nenhuma punição, donas montadoras?

Por que há anos isso é denunciado e ninguém toma uma atitude, donas montadoras?

Poxa, se eu não soubesse que as senhoras são tão respeitáveis, eu me atreveria a pensar que são coniventes com isso... misericórdia, cruz credo pensar uma bobagem dessas, né mesmo? 

Sabe, donas fabricantes... é tanta gente que diz que leu o manual e não entendeu que tem que colocar mais óleo do que a quantidade recomendada...

É tanta gente que não entende os manuais de proprietário que eu chego à conclusão de que os manuais das senhoras são muito mal escritos e acabam induzindo as pessoas a não fazer a medição e a troca do jeito certo.

Seu material de treinamento deve ser tão mal escrito quanto, porque até os vendedores e mecânicos que fazem o treinamento e recebem certificado da fábrica não entendem... 

E eles acabam enganando os clientes — sem querer, claro — porque senão seria safadeza, e Deus me livre pensar tal coisa vinda da parte das senhoras ou de seus representantes oficiais.

Eliminar esses mal entendidos seria bom para todo mundo, donas fabricantes.

Bom, talvez menos para as senhoras, né, que vão demorar um pouquinho mais para vender peças de reposição.

E o pessoal vai rodar mais tempo com as motos antes de pensar em trocar por uma nova.

Mas em compensação, muita gente não vai travar o motor no meio da BR, correndo o risco de ser atropelado, olha só que coisa boa!

E também não vão ficar pifados no meio da estrada falando das senhoras aquelas coisas feias que, nossa, nem quero lembrar.

Me despeço na esperança de ver essas perguntas respondidas um dia talvez quem sabe, porque sou brasileiro e não desisto nunca.

Vou continuar metendo os cascos martelando estas teclas e cravando essas perguntas até o pessoal começar a agir com seriedade e acabar com essa leviandade no trato com os consumidores.

Até a próxima carta,

Jeff

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Carta às montadoras — segunda parte

Continuando nossa conversa de ontem:

Vejam distintas senhoras fabricantes, não estou dizendo que essa prática de colocar menos óleo que o recomendado e ensinar os clientes a medirem o nível de óleo de maneira errada seja intencional da parte das digníssimas empresas profissionais de reputação ilibada.
Imagem: http://www.kibando.com.br/tag/burro/

É que infelizmente todo mundo cai nesse erro, e eu acho que as senhoras deviam se preocupar em ensinar a coisa certa, tanto para seus vendedores, quanto para seus mecânicos, para os clientes... os donos das concessionárias...

Afinal, a palavra das senhoras tem muito peso, sabiam?

Os clientes levam muito a sério as informações dadas pelas senhoras.

É que infelizmente, parece que os manuais se preocupam mais em dizer uma quantidade insuficiente de óleo — a dona suzuki até grava na carcaça do motor essa quantidade errada!

As senhoras deviam se preocupar mais em deixar claro para todo mundo que para medir o nível precisa ligar e desligar o motor antes de completar até atingir o máximo da vareta/visor...

E cobrar dos seus funcionários para fazerem a coisa certa...

Eles não estão fazendo o que as senhoras mandam fazer e estão entregando as motos para os clientes praticamente sem óleo — pelo menos a imensa maioria das que encontrei até agora.

Puxa, donas fabricantes... isso acontece há anos, e as senhoras até agora não perceberam?

O povo é normal que não perceba, porque na hora em que reclamam que o motor não dura nada, o pessoal das concessionárias fala que "moto é assim mesmo"...

Na hora em que reclamam que o câmbio está duro e o motor está barulhento, o pessoal das concessionárias fala que "esse modelo é assim mesmo"...

Na hora em que os motores começam a pipocar um atrás do outro, os funcionários preenchem um relatório e as senhoras nem desconfiam que o problema está nascendo dentro da própria concessionária...

Está faltando perspicácia para o seu pessoal que inspeciona a qualidade de atendimento das concessionárias.... 

Está faltando discernimento para os seus engenheiros que não desconfiam que tem coisa errada com esses motores tão bons e resistentes...

Mais do que ninguém, engenheiros sagazes deviam perceber que motores tão bons e tão bem fabricados não poderiam pifar tão cedo e em quantidades tão grandes, não é mesmo, senhoras?

Acho que ninguém aí dentro pensou em fazer uma auditoria para ver quanto óleo realmente é colocado em cada moto... 

Poxa, era só conferir a nota fiscal de cada serviço, donas montadoras!

Está faltando treino e traquejo para todo o seu pessoal, né donas fabricantes? 

Isso é ruim porque os clientes não querem saber se o seu pessoal foi mal treinado ou é incompetente mesmo.

Eles querem é contar com os ótimos serviços que a sua propaganda fala, serviço digno da qualidade das suas marcas, distintas senhoras.

Serviço de qualidade que valha a pena pagar.

O pessoal está pagando caro até nas "revisões gratuitas", distintas senhoras donas montadoras, e os motores continuam pipocando por aí.

Na hora em que os clientes descobrem que as senhoras estão cometendo esse pecado de deixar as motos saírem sem óleo da revisão, e de não orientar corretamente os proprietários sobre o óleo do motor, eles começam a chamar as senhoras de tudo e qualquer coisa, menos de distintas.

Nossa, eu fico até envergonhado de repetir as coisas que o pessoal fala quando descobre que leva a moto na concessionária e ela sai com menos óleo do que deveria.

E que a quantidade de óleo informada no manual do proprietário não atinge o nível correto.

E que o número gravado na carcaça do motor não serve para nada...

É, o pessoal fica muito bravo mesmo, distintas donas senhoras montadoras.

No seu lugar, donas fabricantes, eu corrigiria esses enganozinhos cometidos por seus representantes para não ficar com péssima imagem no mercado.

Sabe, pras senhoras pode ser um enganozinho de nada, um tiquitinho de óleo, mas para nós consumidores, o prejuízo é grande, viu?

Não sei se as senhoras sabem, donas fabricantes, mas um motor com pouco óleo se desgasta muito mais rápido e pode até travar no meio da estrada — isso é um perigo, caras donas!

Nossa, vocês nem imaginam... vocês não andam de moto não, né?

Eu já vi gente passando perrengue e só não morri porque sempre mantive o óleo no nível certo, então posso falar com conhecimento de causa — minha dafra Kansas está na casa dos 95 mil km ainda sem retífica. 

E é uma Kansas, hein? Aquelas que estouravam o motor com 30 mil km.... que nem as Fan e Titan com óleo 10W-30...

Já vi muito coitado que ficou na estrada por causa disso... 

Quem cuida desses assuntos por aí não anda de moto não, né?

Nem sai por aí conversando com os donos de motos... 

Porque se andasse e conversasse, ia saber de cada coisa tão cabeluda que depois nem dormia de remorso, viu?

Quando eu falo andar de moto, eu digo andar de moto todo dia de verdade, fugindo do busão, dependendo da moto para atravessar a cidade, pegar BR, ir trabalhar longe pra dedéu... 

Fazer entrega, levar encomenda, pegar marginal, pegar estrada por esse Brasil afora... 

Nós do povão fazemos isso com as motos, não é só passeio de fim de semana não, viu?

A gente não testa moto em computador em sala com ar condicionado não...

Donas fabricantes, será que eu estou sendo muito ingênuo?

Será que eu estou sendo muito ingênuo de esperar que um dia as senhoras tomem essa atitude honesta e digna de fiscalizar e repreender suas concessionárias, e venham a público explicar claramente que não basta colocar a quantidade recomendada?

Custava dizer claramente que tem que colocar um pouco mais do que as senhoras falam, senão o óleo não chega no nível correto?

Ou melhor ainda, senhorinhas... custava dizer a quantidade correta de óleo direto no manual?

Dizer a quantidade correta, sem precisar usar um procedimento esquisito e complicado que faz todo mundo andar sem óleo e estragar o motor com menos da metade da vida útil?

Porque o povão só toma na cabeça com isso, donas fabricantes... essa confusão que eu não sei como começou é muito triste.

E o seu pessoal nas concessionárias não está ajudando a resolver não... já passou da hora de um puxão de orelha nesse pessoal, né?

Mas a carta ficou longa de novo, por hoje vou parar por aqui — amanhã eu termino essa história, donas montadoras.

Boa noite de sono a todos aí,

Jeff

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Carta às montadoras — parte 1 de 3

Esta postagem foi escrita há um bom tempo, eu ainda morava em outra cidade, e acabei esquecendo de postar porque caí doente e não tinha encontrado uma boa ilustração.

Problema resolvido, vamos ao relato:
Imagem: http://www.kibando.com.br/tag/burro/

Prezadas distintas respeitáveis senhoras fabricantes de motos, por favor me respondam o seguinte:

Eu vi uma cena curiosa, então tenho que perguntar para quem entende do assunto:

Estava eu parado em frente a uma loja de ferramentas e ferragens quando encostou uma moto novinha em folha.

Era uma yamaha Neo quase zero km, mas isso não vem ao caso porque já vi acontecer com honda, suzuki, kawasaki, kasinski, mvk, traxx, dafra...

A motinho não parava de estalar intensamente e, como o piloto estava no balcão esperando ser atendido, avisei que aquilo era sintoma de motor muito quente, típico de falta de óleo em motores de qualquer fabricante.

Ele ficou preocupado, porque tinha trocado o óleo na concessionária no dia anterior, rodou apenas 150 km.

Conferimos o nível de óleo e não deu outra — apesar de não ser a condição de medição normal (o óleo estava quente e dilatado), só havia uma gotinha de óleo na ponta da vareta medidora.

Quando ele repetisse o procedimento de medição nas condições determinadas pelo fabricante, com o motor frio ligado por apenas uns poucos minutos e desligado, não ia achar nada, nem essa gotinha, na ponta da vareta.   

Perguntei para ele como tinham ensinado a ver o nível de óleo na concessionária, e ele falou o que todo mundo fala:

"O vendedor falou que a medição é igual à do carro, é só tirar a vareta com o motor desligado pela manhã, sem ligar o motor."

Poxa, olha só que coisa, a concessionária colocou óleo a menos e ainda ensinou a medir errado!

Engraçado, donas montadoras, por que será que os manuais de proprietário falam uma coisa e o pessoal das concessionárias que tem a obrigação de fazer certo e ensinar direito, quase sempre faz e "ensina" do jeito errado?

As senhoras não ficam curiosas?

E isso acontece com quase todas as fabricantes.

Ô, dona yamaha, dona honda, dona suzuki, dona kawasaki, demais donas... pra dona dafra não adianta perguntar, porque já fiz isso há vários anos e até agora ela não se dignou a responder.

Em face de encontrar tantas motos recém saídas das concessionárias com menos óleo do que o correto, e os donos informados erradamente sobre o procedimento de medição do nível de óleo, minha pergunta é:

Desculpem minha indelicadeza e ingenuidade, mas senhoras donas montadoras... 

Não está faltando um treinamentozinho basicozinho aí para o seu pessoal não?

Porque as concessionárias ficam colocando pouco óleo e ensinando os clientes a medir o nível de maneira errada, os donos têm prejuízo, acaba pegando muito mal para as senhoras, viu?

Chega a dar a impressão de que as senhoras não estão nem aí com isso, que as suas concessionárias são casas de Noca que estão se lixando para a qualidade dos serviços feitos em nome das digníssimas e reputadas senhoras donas fabricantes...

Por favor, distintas senhoras... para que as pessoas não comecem a pensar mal das suas respeitabilíssimas pessoas, façam seus vendedores e mecânicos e gerentes no mínimo lerem os manuais de proprietário...

Assim eles passam a colocar a quantidade correta de óleo e a ensinar o procedimento certo, e ninguém vai continuar achando que foi tapeado para estragar o motor antes da hora desde o momento em que comprou a moto.

Façam o seu pessoal pelo menos entregar as motos com o nível de óleo correto... não o mínimo do mínimo de óleo, né?

Isso seria o mínimo de decência que se espera de seus representantes no mercado.

A carta ficou longa, amanhã eu continuo...

Uma boa noite para as senhoras,

Jeff

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Flores, frutas, folhas e tombos

Dica do leitor Darci Neto (obrigado!) sobre acidentes causados por pista escorregadia por queda de frutas de jamelão — veja o vídeo na reportagem da globo:
Vídeo e reportagem: http://g1.globo.com/goias/transito/noticia/2016/08/jameloes-caem-em-avenida-apos-chuva-e-causam-acidentes-veja-video.html

Uma lição que pode ser tirada do vídeo: caia fora o mais rápido possível de uma situação dessas, porque é só questão de tempo até mais alguém derrapar ali.

Fruta e árvore do jamelão têm o mesmo nome (não existe jamelãozeiro), e podem ser chamadas de jambo (jambeiro), jambolão, jamborão e jalão. 

É parente da pitanga, pitomba, cereja-do-mato e grumixama. E também do cravo-da-índia, olha só, quem diria. Wikipedia é uma mão na roda.

E todas essas plantas têm algo em comum: 

São comuns (dããã...) no Brasil, são muito frutíferas, e seus frutos escorregam pra caroço.

Fique atento para ruas onde essas pragas belas exemplares de nossa fauna vegetal margeiam as ruas, porque em dia de chuva essas pestes dádivas da mãe natureza despencam que nem fruta madura, cobrem o chão e derrubam motociclistas que nem jacas. Maduras.

E não é só o jamelão que dá na louca de levar a gente para o chão.

Todo mundo conhece o ipê, com grandes copas que ficam carregadas de — e deixam cair — toneladas de flores amarelas, rosas, brancas, roxas. Ops, roxas não. Flor roxa é jacarandá-mimoso, outro flagelo encanto.
Imagem: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4427069

Ver uma árvore florida, ainda mais depois de uma chuva, serve de alerta para pista escorregadia à frente.

Mas tem uma árvore ainda mais comum e traiçoeira que despeja não só as flores como também suas folhinhas e frutos às pencas e não só nos dias de chuva: a sibipiruna.

Essa aqui, ó:
Imagem: http://www.caliandradocerrado.com.br/2009/04/na-minha-rua.html

A sibipiruna verdeja o ano todo, mas deixa cair suas folhas no inverno, floresce e deixa cair suas flores na primavera, frutifica e deixa cair suas vagens no verão... a sibipiruna deixa cair o que dá na telha na hora em que bem entende. Não é à toa que os motociclistas a confundem com o pau-ferro.

Frear em cima disso é tombo certo, então redobre triplique quadruplique sua atenção para a cobertura do solo onde você vai passar com a sua moto.

Não dá para falar de todas as árvores que de um dia para outro resolvem despejar coisas que derrubam motoqueiros, mas é possível alertar o pessoal para não cair nessa.

Geralmente é um tombo besta, mas para que arriscar ferir o seu... ahn... orgulho?

Ainda mais deixando cair a primeira moto zero km com o escapamento cromado ainda cheirando a novo... o primeiro tombo a gente nunca esquece.

Preciso lembrar de mudar minha saudação,

Jeff