segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Amanhã a treta será realmente séria

Hoje não tem postagem.

Estou revisando a matéria de amanhã que será uma treta das boas...
Agora é briga com cachorro grande.
Curse you, Red Baron!!!
O alvo está enquadrado e a pata no gatilho.

O motivo todo dessa guerra começou há 40 anos, e não partiu de mim.

Milhões de brasileiros até hoje não sabem que foram e continuam sendo vítimas de abuso metódico institucionalizado por parte de empresas nas quais sempre confiaram e idolatraram.

Já estou nessa luta há mais de seis anos.

No início, eu achava que era apenas uma empresa a vilã da história.

Com o tempo descobri que era todo um esquema muito bem montado envolvendo muitas empresas.

Está mais do que na hora de tudo isso acabar.

E só vai acabar quando todo mundo conhecer a verdade nua e crua dos fatos e começar a cobrar explicações dos responsáveis.

Mais fatos serão publicados amanhã.

Haverá reação do público indignado, ou continuarão a aceitar passivamente essa verdadeira fraude, humilhação e escárnio?

Estou curioso para ver qual será o resultado.

Até amanhã,

Jefferson

domingo, 30 de outubro de 2016

A página da História que a honda quer esquecer

Vídeo promocional da honda "comemorativo" dos 50 40 anos da CG... isso quer dizer que em breve estarei comemorando o cinquentenário quarentenário da minha primeira moto... não o blog, mas a moto. 
Ufa! Que bom. agora me sinto 10 anos mais jovem!


1976, 1978, 1989, 1994, 2005, 2016...

Reparou que pouco depois da metade do vídeo eles já pularam de 2005 para 2016 com o novo motor 160?

O que será que os donos de CG 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015 teriam para falar?

Hahahahaha... impublicável...

Pô, sacanagem usar preto e branco para falar de 1976...

TV em cores já existia desde 1972, não sou tão pré-histórico assim.

Só para constar, minha primeira moto foi uma CG 1979 modelo 1978.

Optei pela última unidade do modelo anterior porque achava mais bonita que a novidade modernosa...
Além disso, eu gostava muito da cor laranja... aliás, gosto até hoje...
Hehehehe....
E para desovar o encalhe, a concessionária ofereceu tanque e laterais da ML 125 com pintura personalizada. 

Minha CG exclusiva era igual a uma ML, mas com pintura fora de série preta com faixas douradas.
Imagem: http://motorium.com.br/specs.php?id=241

Só não tinha bagageiro nem freio a disco... que era muito mais caro.

Freio a disco era impraticável para quem já estava pagando metade de um fusca zero km num punhado de canos soldados com motor e rodas.

Saiu documentada já personalizada, foi a moto CG mais linda que saiu zero km da concessionária.

Somente descobri depois que o tanque era de segunda mão e estava enferrujado.

Começou a vazar e tiveram que impermeabilizar com resina quente, o que estragou a pintura.

Refizeram a pintura, mas não usaram o mesmo tom de dourado ouro velho, usaram um douradinho furreca que estava mais para amarelinho fujão.

As tampas laterais ficaram muito diferentes do tanque, tiveram que pintar também. 

O resultado é que três meses depois de ter comprado a moto, ela já não era a moto pela qual eu tinha me apaixonado.  

Mesmo assim aprendi muitas coisas com aquela moto.

Aprendi a andar de moto sobre ela.

Naquela época você aprendia com a moto dos amigos ou metia a cara.

Nunca quis arriscar derrubar a moto de um amigo, mesmo eles oferecendo. 

Era muita responsabilidade.

Entregaram a moto lá em casa e quando cheguei dei de cara com ela. 

Bom, não foi bem de cara, digamos que dei de cara com a placa e o escapamento.

Apanhei para fazer a moto funcionar até pegar as manhas do afogador.

Na verdade, não consegui mesmo fazer funcionar, só consegui descendo a rua no tranco. Foi ridículo.

Em 1979 em todo o bairro só havia três motos, ela foi a terceira.

Hoje em dia tem meia dúzia de motos só na minha rua — e olha que é uma rua curtinha.

Nenhuma moto me derrubou tantas vezes como aquela CG — seus freios a tambor não valiam nada e continuam não valendo até hoje.

Foram tantos problemas mecânicos que ela conseguiu a proeza de me fazer perder o prazer de pilotar.

Levei 28 anos para me recuperar do trauma.

Mas graças a ela descobri muitos macetes sobre montadoras, concessionárias e confiança que se pode ter com elas.

O óleo recomendado pela honda, por exemplo.

Dizer que aquela obscenidade era o "único óleo que atendia os rigorosos padrões de qualidade da honda" somente provaria que o marketing diz qualquer coisa para empurrar um produto, ou que os tais padrões de qualidade não eram tão elevados assim...

Se o óleo não sumisse do cárter tão rápido, não teria descoberto o macete do câmbio duro com pouco óleo.

E isso foi fundamental para descobrir a trapaça do óleo recomendado insuficiente para minha segunda moto, a Kansas Jezebel.

O que no final permitiu descobrir e denunciar toda uma prática lesiva aos clientes utilizada pela indústria de motocicletas — notícias muito interessantes sobre isso sairão na véspera de Finados...

Devo muito aprendizado àquela CG.

Afinal, foi verdadeiramente minha primeira moto.

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Compre uma Vespa e ganhe um cafezinho da hora

Mais uma montadora de motonetas entra no mercado brasileiro...
Reportagem e teste: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/10/vespa-primavera-125-e-150-primeiras-impressoes.html
Imagem: http://revistapegn.globo.com/Noticias/noticia/2016/06/fabricante-da-motoneta-vespa-volta-ao-brasil.html

Desta vez é a Piaggio, que criou a Vespa em 1946.

Nem vou falar os preços para você ter o prazer de descobrir na reportagem do g1.

Só dou a dica de que pelo preço da Vespa 150 edição especial série histórica, a versão mais cara, se você abrir mão do charme italiano, pode comprar a nova yamaha Neo 125. 
Imagem: http://carplace.uol.com.br/yamaha-traz-de-volta-a-neo-agora-com-motor-125-e-novo-design-por-r-7-990/

Você chega nos mesmos lugares na mesma velocidade com praticamente o mesmo conforto. Não é jabá, é parte da piada.

E com a grana que sobra você leva para casa uma dessas aqui:
Imagem: yamaha MT-03 em 27/10/2016

Pois é, a Neozinha está custando 8 mil temeridades, a MT-03 19.452, totalizando 27.452 temeridades.

A Vespa 150 série histórica está custando 27.930, você ainda economiza uns bons tanques de gasolina para as duas motos na garagem. 

E com a MT-03 tendo o dobro de cilindrada, potência e diâmetro de rodas da Vespinha, você vai poder pegar estrada sem se preocupar com os caminhões do seu lado e atrás de você.

Se não tiver espaço na garagem para duas motos, pode optar apenas por uma 250 ou 300 da honda, yamaha, suzuki ou kawasaki ainda por um preço menor que a Vespa 125 mais barata menos cara.

E se chorar umas pitangas, capaz de levar a moto (não a Vespa) emplacada e com seguro.

Se preferir ainda mais segurança na estrada, pelo mesmo preço da Vespa 150 edição especial série histórica você compra a cavalona honda CB 500 — com freios ABS.
Imagem: honda CB 500 em 27/10/2016

A CB 500 com ABS, emplacada e com seguro é capaz de sair mais em conta que a Vespona 300 (33 mil temeridades).

Quantos deslumbrados e deslumbradas terão a coragem de dar 22 a 28 mil reais em uma motoneta 125 / 150 quando se pode pagar tão menos e levar muito mais?

Inclusive scooters mais potentes, modernos e confortáveis de outras marcas, como a suzuki Burgman 400? (29.100 temeridades em 27/10/2016, o que já é um absurdo de caro...)
Imagem: suzuki Burgman 400

E olha que as motos e motonetas vendidas no Brasil já são muito mais caras em comparação aos outros países...

"Ah, mas Vespa é moto de grife, vai ser vendida em boutique e shopping center..."

Sério, a proposta é essa mesma...
Reportagem: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/10/vespa-primavera-125-e-150-primeiras-impressoes.html

Ainda bem que o cafezinho é grátis, né?

Se mesmo assim você ainda achar que vale a pena pelo diferencial e exclusividade de tomar um 'espresso' e ter uma legítima moto italiana Piaggio — e não uma reles e comum motinho xing-ling...

Isso provaria que além de ser um xenófobo preconceituoso que torra sua grana sem dó, você é alguém muito mal informado. Mas não vou contar para não estragar a surpresa...

Tomara que eu esteja errado quanto ao sucesso da Piaggio no Brasil, porque torço mesmo para que ela se estabeleça definitivamente por estas terras.

Que se firmem no mercado com sucesso, porque além das Vespas eles têm outras motos para oferecer.

Mas seria a quarta ou quinta vez que eles dariam um tiro no pé aqui no mercado brasileiro.

E começam lançando essas motinhos simpáticas aqui a esse preço?

Me preocupo que pareçam estar usando uma estratégia fadada mais uma vez ao fracasso.

No Brasil as empresas vão à falência e não sabem o motivo...

Depois botam a culpa na conta do café.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Decisões erradas

Uma decisão errada é dolorida.

A decisão de fazer uma ultrapassagem pela direita é mais dolorida ainda:

Ela dói mais ainda porque... não é uma decisão sábia.

Além do seu prejuízo, ele ainda vai ter de pagar o prejuízo do motorista — é proibido ultrapassar pela direita.

E não me venha com o mimimi "o cara entrou na frente"...

Atualização:
O leitor LordySlayer alertou que o motorista entrou com o sinal vermelho para ele, e é verdade, eu não tinha reparado. O que não muda o fato:

No trânsito, sempre alguém vai entrar na sua frente.

Ainda mais na frente das motos, pouco visíveis e tão ágeis.

"Ah, mas o cara não deu seta"...

Se  o carro estivesse dando seta, o cara da moto teria tentado passar pela direita do mesmo jeito.

Ele podia ter segurado a moto, esperar o carro terminar a conversão e fazer uma ultrapassagem normal pela esquerda.

Mas faltou vivência de trânsito e malícia para prever a manobra do motorista e sobrou o gostinho de abrir o acelerador.

Também sobrou um gostinho bem ruim depois de tudo isso.

Uma dor no braço,

Jeff

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Engenhosidade ou ingenuidade?

Ingenuity é uma das palavras de tradução mais traiçoeira porque ao contrário do que parece não significa ingenuidade, mas engenhosidade.

Falo isso porque eu até agora não sei se esta proposta de moto futurista da bmw é um caso de pura engenhosidade ou tremenda ingenuidade:
Reportagem: http://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2016/10/bmw-mostra-conceito-de-moto-que-nao-cai-nunca-e-aposenta-o-capacete.html

Sabe o que eu lembrei quando li essa declaração da bmw?

Lembrei disto aqui:
Imagens: Pesquisa no google por Titanic unsinkable (inafundável)

Os engenheiros que projetaram o Titanic também acharam que ele seria à prova de naufrágios... deu no que deu.

Os jovens arquitetos, designers e engenheiros hipsters da nova geração acham que são capazes de prever tudo que poderá acontecer com uma motocicleta no trânsito.

Eles acham que em 100 anos a eletrônica embarcada tornará a moto tão segura que dispensará o uso de capacete, jaqueta, luvas...

A moto será à prova de tombos e acidentes a ponto de dispensar o uso de equipamentos de proteção.

Essa autoconfiança e esse desconhecimento da realidade do mundo real são tão grandes, tão enormes...

A motocicleta magitrônica imaginada e renderizada em 3D por esses engenhosos e ingênuos garotos e garotas será tão eficiente que desviará de insetos e pássaros na contramão.

Ou então não haverá mais insetos em 2116.

Nem pássaros.
 Os ocupantes não irão se machucar e a moto magitrônica não irá cair nem mesmo enfrentando isto:

Os ocupantes das motos de 2116 não precisarão usar roupas protetoras porque a magitrônica agirá preventivamente para impedir até mesmo situações insólitas:

computador de bordo nunca tomará decisões equivocadas...

Os sensores de lógica magitrônica nunca falharão algum dia...

Nem mesmo no dia da demonstração para a imprensa.

Em 2116 o trânsito será o paraíso na Terra.

A bmw afirma que nada será capaz de causar um acidente ou situação de risco para os ocupantes, portanto capacetes e jaquetas serão desnecessários.

A moto nunca passará por apuros inesperados, isso non ecziste. 

Não cairão peças de caminhões, pneus de caminhão deixarão de estourar e soltar a banda de rodagem...

A moto nunca se envolverá em um acidente com um veículo desgovernado...

Nem mesmo aqueles veículos dotados de cérebro magitrônico continuando a rodar por 300 metros depois que o motorista morreu.
Imagem e reportagem: http://g1.globo.com/carros/noticia/2016/07/divulgadas-imagens-de-carro-da-tesla-apos-acidente-fatal-nos-eua.html

O carro inteligente mas nem tanto passou por baixo da carreta no cruzamento porque confundiu o baú cinzento com o céu nublado.


A lógica magitrônica da moto impedirá que um automóvel magitrônico desgovernado bata na traseira da moto...

A moto será capaz de desviar até de motoristas bêbados, ladrões em fuga e hackers hackeando a lógica magitrônica.

Daqui a 100 anos não existirão motoristas trolladores querendo testar os limites da reação autônoma da moto...

Opa, isso não é no futuro, é hoje...

E esses floquinhos criados a leite de peraTM Cardoso falam em nome de uma empresa com todo o renome da bmw.

Cada vez mais me convenço que os seres rumanos caminham a passos largos para a nova idade das trevas.

O conhecimento humano e o bom senso estão se esvaindo a olhos vistos... logo na Alemanha tão preocupada com segurança.

Em 2116 o mundo estará mesmo nas mãos da Ordem Albertina de São Leibowitz.

Um ar baço,

Jeff

terça-feira, 25 de outubro de 2016

SAI DE BAIXO!!!

Cara, se um dia tu veres vires ficares cara a cara com um caminhão ou ônibus virando na tua frente desse jeito aqui:

Tu te manda daí rapidinho porque a coisa vai ficar muito, muito feia pro teu lado...

Caminhões longos e ônibus são obrigados a avançar para a contramão a fim de dobrar uma esquina sem que as rodas traseiras passem por cima da calçada.

E lá do alto da cabine o caminhoneiro enxerga lhufas. Lhufas = голубь nenhuma.

Assim como tu não consegue ver o motorista, o motorista não consegue ver tu.

Tu e a tua moto somem totalmente atrás da coluna e do espelhão na lateral da cabine do caminhão. Ou do busão.

Se você não sair do caminho, ele VAI passar por cima de tu e da tua moto.

As imagens acima foram invertidas porque a cena se passa nas terras da rainha, onde todo mundo anda na contramão, acha normal e pensa que a gente é que é doido.

Então não estranhe de ver no vídeo o motociclista parando onde ele para — ele está na mão correta deles lá.

O vídeo original da lambança é este aqui:
 ~
Então já sabe, vendo a encrenca vindo pra cima de ti, caia fora.

Preveja que vai dar селезень e saia da frente.

Se puder, leve a moto junto.

Mas se não der... 

Antes ela virar tutu do que tu.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Corredores paulistanos e corredores de Floripa

Olha só que dado curioso:

Proporcionalmente ao tamanho da frota, acontecem menos acidentes graves nos corredores de São Paulo do que nos da região de Florianópolis...

Morrem 50 motociclistas por ano em Floripa — cidade com 470 mil habitantes. 

Toda a região metropolitana de Florianópolis tem apenas 1.132.000 habitantes.

A cidade de São Paulo, com população de 11.320.000 habitantes (24 vezes maior) registra apenas 442 mortes por ano (apenas 9 vezes mais).

Ou seja, proporcionalmente morre quase 3 vezes menos gente sobre duas rodas em São Paulo do que em Floripa.

Joinville, com apenas 562 mil habitantes, registra incríveis 50 mortes de motociclistas por ano!

Proporcionalmente, Joinville mata duas vezes mais motociclistas do que Floripa.

São seis vezes mais do que São Paulo em proporção à frota! Se eu errei nas contas, me ajuda aí porque depois do avc de 2010 (ou foi 2011?) fiquei muito ruim de má temática... e simetrias... e memória... e... ahn... que eu dizia?

Hummm... revendo as contas, talvez a coisa não seja tão desproporcional... 

Se considerarmos toda a região metropolitana, aí a proporção será de 10 : 9.

Ainda assim, Floripa continua ganhando por uma margem de 10%.

Conheço o trânsito nessas cidades, e confesso que senti o impacto da quantidade de acidentes que testemunhei logo que cheguei ao Sul.

Tanto é que o blog nasceu lá em função das cenas que vi, tanta gente jovem sendo levada pelo SAMU. 

Por que isso acontece?

Minha teoria é a seguinte:

Veja alguns corredores paulistanos, terra que já está bem acostumada com as motos no trânsito e os motoqueiros já sabem o que esperar:

E este é um corredor lá de Floripa, com o pessoal mais entusiasmado do que a prudência recomenda:


Traduzindo do floripês:
Ou seja, lá em Floripa quem é prudente ao ver um moedor de motocicletas é tido por palerma... triste.

Reparou que na média o pessoal de SP anda mais de boa que a turma lá de Floripa?

Entendeu porque em um único dia cai quase tanta gente em Floripa e região quanto em São Paulo, que tem muito mais motos?

Os corredores paulistanos não chegam a ser tão agressivos quanto os de lá de Floripa.

A taxa paulistana já foi maior, mas o próprio excesso de veículos e motos serve como limitador de velocidade.

E isso ajuda a entender porque os acidentes se concentram mais nas marginais e rodovias que chegam a São Paulo: é lá também que as velocidades se tornam maiores.

Para ir a qualquer lugar na região de Floripa você é obrigado a pegar a via Expressa (que é uma BR) e a BR-101.

Trânsito nível marginais, Dutra e Castelo daqui de Sampa.

Pelo que penso, podemos extrapolar esse excesso de autoconfiança e liberdade nos corredores rodoviários que vemos em Floripa para a maior parte das cidades de porte médio do Brasil.

Elas estão fazendo a transição de um modelo de trânsito pacato para um modelo de trânsito mais agressivo.

E tanto os motociclistas quanto os motoristas ainda não estão adaptados a essa nova situação.

Como resultado, ocorrem muito mais incidentes de disputa de espaço no trânsito do que em cidades como Rio e SP.

O grande número de motos e de acidentes diários de Sampa contribuiu para uma menor velocidade média e maior conscientização dos motociclistas daqui.

Mas o impacto de ver tanta gente caída todos os dias ainda não chegou às cidades menores.

Infelizmente, tem coisas ruins que as pessoas só descobrem convivendo com elas.

Ou sobrevivendo a elas.

Um abraço,

Jeff

domingo, 23 de outubro de 2016

Olha só quem se ferrou com óleo sintético menos viscoso!

Motor com problema por causa da adoção do mágico óleo sintético de menor viscosidade não é exclusividade nem novidade da honda.

Você já ouviu falar do "recall branco" feito pela volkswagen na década passada?
Reportagem: http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL1358345-9658,00-VOLKSWAGEN+ANUNCIA+CAMPANHA+PARA+REVISAO+DE+MOTOR.html

O também chamado "recall velado" foi um problema sério que deu manchetes por muito tempo:


Logo o abacaxi dos motores barulhentos e fundindo veio à tona e a montadora alegou que o problema estava apenas no "óleo do primeiro abastecimento".

Só que o problema não acabou após a primeira revisão com a troca do óleo do primeiro abastecimento e os proprietários continuaram reclamando do "barulho de máquina de costura" que o motor fazia.

Esse barulho era o motor dizendo "não aguento mais, esse óleo acabou comigo", mas as concessionárias diziam que era totalmente normal.

E ficou por isso mesmo até a hora em que os motores abriram o bico de vez ainda antes da segunda revisão e troca de óleo na concessionária aos 30 mil km — e a vw ainda queria cobrar pela retífica e recondicionamento do motor.

Como a conta estourou no colo dos proprietários, muitos deles entraram na Justiça, o processo se arrastou por anos e finalmente ganharam a ação em 2013.
Imagem e reportagem: http://carplace.uol.com.br/justica-determina-recall-de-400-mil-carros-da-volkswagen-gol-voyage-e-fox-estao-envolvidos/

Ganharam é modo de dizer, porque a vw reverteu a decisão e não encontrei mais informações na imprensa a respeito do assunto — diz-se que nesse meio tempo muitos proprietários iam fazer a primeira revisão na concessionária e saíam de lá com outro motor zero km instalado.

Quem ficou sabendo disso, correu atrás. 

Quem não correu, e foi a maioria, assumiu o micão caro pra chuchu e achou que deu azar, foi olho gordo, inveja do vizinho, praga de parente, macumbaria, vudu.

Poucos ficaram sabendo que a engenharia da vw admitiu publicamente que o problema estava na adoção do novo óleo sintético 5W-40:
Reportagem: https://pitstopbrasil.wordpress.com/2009/10/27/volkswagen-assume-erro-e-esclarece-problemas-do-motor-1-0-vht/

"O novo óleo está dando perda de lubrificação o que danifica as peças, por isso os clientes reclamam do barulho."
Reportagem: http://www.gazetadopovo.com.br/automoveis/vw-faz-recall-velado-do-motor-10-vht-byv6ay5tcvpipm4yoj473vpse

"O problema não é do fabricante do óleo." [Tradução: Alguém pisamos na bola.] 

"A especificação do lubrificante foi trocada para melhorar o desempenho do carro, mas o motor apresentou dificuldades na lubrificação." [Tradução: O novo óleo menos viscoso não é o mais adequado para garantir uma vida do motor longa o suficiente para que os clientes não reclamem.] 

"Para resolver o problema a volkswagen mudará novamente a especificação do óleo." [Tradução: A solução técnica da engenharia para solucionar o problema é voltar a usar o óleo de viscosidade adequada.] 

Nem sempre as soluções técnicas são cumpridas porque necessariamente a decisão passa por considerações mercadológicas. [O que fazer (ou não fazer) para minimizar o prejuízo?]

Aquela desculpa da vw de o problema acontecer somente por causa do óleo do primeiro abastecimento "contaminado pelo álcool do combustível" satisfez o pessoal que não entende patavina do assunto.

Proprietários mais tarimbados mudaram de óleo e eliminaram o problema na raiz.

Até esse escândalo a vw se gabava toda orgulhosa do slogan "volkswagen — qualidade e tecnologia do líder" (no caso, líder de vendas, mas que em alemão, führende Technologie, resulta em um trocadilho extremamente infeliz com o criador da empresa.)
Imagem e história do Fusca: http://conexaoautomotiva.blogspot.com.br/2015/03/curiosidades-dois-judeus-um-nazista-e.html

Não se fazem mais carros e motos populares como antigamente...

Até esse apagão do óleo sintético 5W-40, 10W-40 e 15W-40 os motores vw sempre haviam sido reconhecidos e apreciados pela sua resistência, confiabilidade e durabilidade.
Imagem: http://www.forumcarros.com.br/index.php?/topic/3891-troca-de-óleo-gol-g3-2005/ — Placa preta é aquela reservada para veículos históricos de colecionadores.

A consequência do escândalo foi que a vw perdeu o tradicional primeiro lugar indiscutível em vendas no Brasil para a fiat e a chevrolet.

Você vê nisso alguma semelhança com os problemas das motos populares que a honda não conseguiu resolver até hoje?

No lugar do óleo mineral 20W-50 a honda adotou o óleo semissintético bem menos viscoso 10W-30 no apagar das luzes de 2010...
Fonte: http://www.jacaremoto.com.br/?pg=noticia&id=624

E a partir daí os proprietários começaram a reclamar do motor barulhento e dos problemas mecânicos extremamente graves das suas motos.

Eles sabem que a coisa está errada, mas não entendem o porquê.

Igual aos proprietários dos novos vw quando os motores saíram das concessionárias fazendo aquele barulho horrível de motor mal lubrificado.

Mas os vendedores das concessionárias insistem em dizer que o barulho horrível do motor é normal...


Se mudarem as legendas desse vídeo de "honda" para "vw" — e de "XRE e CB 300" para "Fox e Gol" — o vídeo continua válido.

A vw gerou toda aquela situação, a honda também gerou, e pelo mesmo motivo.

E continua ignorando o problema até hoje.

Será que lá dentro da honda eles fazem ideia do quanto o pessoal aqui fora está irritado com essa situação?

Esse assunto virar motivo de deboche público é culpa dos proprietários, ou mérito dos engenheiros da montadora?

A honda que dê a resposta.

Enquanto essa resposta não vem, as motos continuam perdendo valor de mercado, irritando ainda mais os proprietários que sempre confiaram na empresa.

As próprias concessionárias estão se recusando ou oferecendo uma ninharia para aceitar motos problemáticas de clientes ainda dispostos a trocar uma honda por outra honda.

Isso está deixando o pessoal muito emputecido da vida...


A bucha acaba sobrando para o pessoal das concessionárias que acabam encarando a linha de frente da batalha com os clientes.

Nunca pensei que um dia eu veria a honda causando o mesmo nível de insatisfação que só vi entre os primeiros proprietários de dafra.

Sinal dos tempos.

Será que o pessoal da honda deu uma lida nos comentários desse vídeo para conhecer a opinião geral do pessoal?
Comentários: https://www.youtube.com/watch?v=2Q_CN9ASFG8

O lamentável é que esta situação seria facilmente evitada se a honda admitisse que o maior problema desses motores é a falta de óleo com viscosidade adequada.

Problema causado por ela mesma com o óleo 10W-30 e seus manuais que continuam a informar uma quantidade insuficiente e a induzir uma interpretação errada — e em muitas de suas concessionárias, que abastecem com menos óleo que o ideal e orientam erradamente os proprietários sobre a quantidade de óleo do motor e seu procedimento de medição.

A honda não dá o braço a torcer, não recua e continua empurrando o ananás goela acima dos clientes.

A perspectiva é que esse assunto sério só tende a piorar conforme as motos envelhecem.

Prevejo que essa insatisfação dos proprietários com as decisões equivocadas da honda ainda será assunto por muito tempo.

Um abraço,

Jeff
PS: Há outra postagem sobre este assunto envolvendo vw e honda com o título Troca de óleo a cada 12 mil km?