domingo, 11 de setembro de 2016

Dois dias, dois causos

Jezebel e eu saímos para pagar as contas logo após o feriado... que tristeza.

Todo mundo teve a mesma ideia, havia filas imensas para chegar ao lugar de pagar, e no lugar de pagar havia mais filas...

Resolvi deixar para pagar à tarde... só que muita gente também pensou a mesma coisa.

Vi a fila no estacionamento e desisti.


Saí mouto pouto por perder a viagem duas vezes, sabendo que a maldita telefônica ia continuar ligando para casa todo dia quatro ou cinco vezes por dia por causa daquela merreca... os idiotas gastam mais com a cobrança do que o valor da conta...

Saímos do supermercado naquele estado de ânimo em que não se deve pilotar uma moto.

Congestionamento desproporcional à frente, cortamos todo mundo até chegar ao retorno, pista livre, aceleramos fundo.

Mas era um retorno...

O carro que parecIA que IA abrir a trajetória... mudou de ideia no meio do caminho — e nós já estávamos no embalo.

O jeito foi fechar a nossa trajetória ainda mais, mas tinha a guia do lado esquerdo... 

Meus movimentos são friamente calculados, e a pedaleira IA passar exatamente por cima da guia...

Só que havia um afundamento do asfalto... Fedeu.

Em um cálculo grosseiro aproximado, ficaram faltando 3,79 milímetros (±0,005 mm) para a pedaleira não pegar na guia...

Os momentos seguintes foram em câmera lenta.

A pedaleira tiriscou bem de leve, apenas o suficiente para NÃO nos derrubar... Sou bom de cálculo...

Mas naqueles segundos eu fiquei imaginando o tamanho da восток que podIA ter dado.

Mais uns poucos milímetros e Jezebel seria arremessada contra a lateral do carrinho quase zero km, amassando porta e lateral, dois painéis bem caros que eu ia ter de pagar... fora os danos na pobrezinha.

Na hora de fazer a ocorrência ia aparecer alguma multa não paga, ia ser a maior dor de cabeça para tirar a Jezebel do pátio... Eu ia me ferrar de verde, amarelo, azul e branco na semana da Pátria.

E ainda era capaz de amargar uns ralados no pronto-socorro.

Tudo isso apenas por estar somente um tom acima da minha prática de pilotagem normal — excesso de adrenalina e ranzinzina.

Felizmente nada disso aconteceu, foi só um flash mental, e hoje (escrevi na sexta) pilotei novamente para lá, paguei o que tinha de pagar e na volta parei no posto perto de casa para comprar óleo. Jezebel está com um problema de bebida.

Nesse posto mais no caminho nunca tem o 25W-60 para motores cansados, e como sempre fomos ao posto do outro lado da rua, da mesma bandeira, que sempre tem.

Para não ser obrigado a fazer um retorno, voltei pelo lado que seria de entrada do posto para nos encaixarmos no fluxo que ia cruzar a avenida, o semáforo já estava para abrir.

Mas ele abriu antes e não conseguimos nos encaixar, o jeito foi esperar diminuir o grande fluxo represado, o que sempre acontece quase na hora de fechar o sinal.

Dito e feito, confirmei que o farol estava verde para mim e avançamos só para dar de cara com uma moto que achou que o fluxo na transversal tinha acabado...

O mané achou que isso lhe dava o direito de avançar no vermelho.

Um macaco mais jovem teria batido, as duas motos iam sair rolando... mas não este velho piteco atento a tudo.

Moral das histórias:

Acidentes acontecem quando fazemos coisas que os outros não esperam.

Um acidente envolvendo dois veículos geralmente é a soma dos erros dos dois condutores.

Imaginar que alguém vá fazer alguma coisa não quer dizer que ele realmente o fará... 

No primeiro caso, eu imaginei que o motorista iria abrir a trajetória, mas ele mudou de ideia.

Eu não estava mantendo uma distância de segurança e velocidade apropriada — alguém poderia interpretar que eu estivesse ultrapassando em um retorno, shame on me.

No segundo caso, não fiz nada errado, apenas me coloquei em uma posição que o outro piloto não esperava que viesse alguém.

Ele pensou que não viria ninguém e tomou a decisão errada de avançar em um sinal vermelho.

Revendo a situação, o tempo que ganhei não fazendo o retorno 50 metros à frente foi desprezível diante da possibilidade de acidente em que ficamos.

No mais, é isso. Entre motos e feridos, salvaram-se todos.

Agora vou fazer um chazinho de camomila que é bom prus nervo. E continuar pilotando com menos pressa desnecessária.

Um abraço,

Jeff

7 comentários:

  1. Olá Jeff! Uma das tantas coisas, causos e dicas do seu blog tão interessante e necessário pra quem quer aprender é essa experiência própria que você transmite. Não é porque é piloto defensivo, de anos de janela, escreve sobre isso, que não está imune às mazelas do trânsito. Ninguém está! Mas sua experiência partilhada nos faz ver o quanto é importante estudar e respeitar o próprio limite, da máquina e da situação no qual nos encontramos. Força Mestre! Grato sempre!

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    1. Obrigado, Paulo!
      Receber uma mensagem dessas por uma postagem que pensei que nem receberia atenção me deixou muito contente!
      Um abraço,
      Jeff
      PS: Mestre não... tô muito longe de ser qualquer coisa próxima de um...

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  2. O relacionamento com a moto é que nem casamento, se você não se fiscalizar sempre acaba entrando na rotina sem perceber, pra moto isso significa uma autoconfiança desnecessária e quando menos se espera pum seu casamento acaba rs

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    1. Eu não conseguiria resumir melhor...
      O excesso de confiança é sempre uma ilusão porque não temos domínio de todas as variáveis do trânsito.
      Esquecer disso é a pior coisa que pode acontecer para um motociclista.
      Um abraço,
      Jeff

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    2. A divisão de bens com o fim desse casamento é ainda mais traumática kkkkk

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    3. Hahaha...
      Traumática mesmo...
      Lembrei de algumas imagens de motos partidas ao meio...
      Um abraço,
      Jeff

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    4. Realmente essa analogia ficou perfeita kkkk deve ser por isso que damos nomes as motos, ate me lembrou o relacionamento do Nicolas Cage com um Mustang Shelby GT500(1967) que ele chamava de Eleanor no filme "60 segundos"

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