quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Você pensa que sabe a hora de trocar o óleo do motor? Parte 1

Você pensa que sabe a hora de trocar o óleo do motor? 

Tem certeza? Quer apostar?

Eu aposto que não...

Mais uma pegadinha para sua coleção:

Seu manual de proprietário de motocicleta não fala nada sobre uso severo do motor, mas os manuais de proprietário de automóveis falam.
Reportagem: http://g1.globo.com/carros/blog/oficina-do-g1/post/descubra-se-voce-faz-uso-severo-do-carro-e-precisa-repor-pecas.html

Será que moto não faz uso severo do motor?

Claro que faz!

Então por que será que algo tão importante para os motores de automóveis nem sequer é mencionado pela imensa maioria dos fabricantes de motocicletas?

Veja como a coisa funciona:

Nos manuais de automóveis o fabricante recomenda uma quilometragem para a troca do óleo, e ao longo do texto ele faz uma ressalva que, se o uso do carro for severo, será necessário trocar o óleo na metade da quilometragem recomendada.

Mas o que é considerado uso severo?


Acredite se puder:


Condição de uso severo é aquela que todo mundo usa pensando que é uso normal...

Rodar trajetos curtos e rodar em baixa velocidade em congestionamentos a caminho do trabalho ou escola é uso severo, sabia? Leia a reportagem da revista 4 Rodas com as definições de uso severo neste link.

O povão leigo em Mecânica não lê o manual do carro não fica sabendo que em condições severas, que são as mais usadas por todo mundo, você precisa trocar o óleo na metade da quilometragem ou prazo recomendados.

O povão motociclista leigo em Mecânica nem sequer tem essa informação no manual do proprietário da moto...

O resultado é que todo mundo usa o óleo até depois de ele deixar de proteger adequadamente o motor.

Pessoal só descobre (quando descobre) que o prazo recomendado de 3000 km não funciona para motos resfriadas a ar na hora em que percebe a moto fraca, barulhenta, esquentando e ruim de passar marcha muito antes da hora de trocar o óleo, mas aí o estrago no motor já está feito.

E do mesmo jeito que o pessoal fica papagueando "1 litro é 1 litro", o povão sem noção fica repetindo "se o fabricante manda trocar a cada 3000 km, então é 3 mil km". 

Nos carros é pior ainda, o pessoal fala em períodos de troca de até 20 mil km... 

Por isso que o Marea ganhou a má fama injusta que tem: 

Os proprietários não seguiram as instruções do manual, ficaram iludidos com a ideia de que o óleo sintético não é consumido — apesar de o manual deixar claro que óleo sintético é consumido sim, não repunham o óleo e esperavam dar os 20 mil km para descobrir que o motor já tinha ido para o saco.  
Manual do fiat Marea explicando que o nível de óleo abaixa e precisa ser reposto, 
coisa que muito proprietário de carro e de moto acha que não precisa fazer.

Veja as definições de uso severo.

Note também que os taxistas da Itália rodam em condição muito diferente dos taxistas de Rio, São Paulo, Salvador, Recife, Florianópolis, Porto Alegre... só que o pessoal traduz o manual e os engenheiros das montadoras não fazem o trabalho deles — avaliar se as condições lá e cá são as mesmas e se continuam válidas e aplicáveis sem alterações.

O fato é:

Se você roda 10 km de casa para o trabalho, deixa a moto estacionada o dia inteiro, aí de noite vai para a faculdade, roda mais 10 km, deixa ela parada por algumas horas, aí volta para casa e roda mais 15 km, isso é uso severo, você fazia ideia disso?

Isso acontece porque quando você faz trajetos pequenos, o motor mal esquenta direito e já é desligado.

Com o motor meio frio as folgas estão maiores do que a condição de projeto, o consumo de combustível é maior, o consumo de óleo é maior, a contaminação e a degradação do óleo pelo combustível é maior.


Aquecido corretamente e trabalhando sempre corretamente aquecido, o motor se dilata e funciona com as folgas mínimas corretas de projeto, o que diminui muito o consumo e a contaminação do óleo.

Outro dia falei com o dono de uma Titan que chegou a 100 mil km sem retificar o motor, sempre usando apenas 1 litro de óleo.

Como ele conseguiu essa proeza?

Primeiro porque na época ele só usava óleo 20W-50 e nunca descuidou de repor o consumo, mesmo medindo da maneira errada.

E ele só chegou a essa quilometragem porque trabalha como mototaxista / motoboy em trânsito urbano.


Essa condição de trabalho é a melhor para o motor, porque ele está sempre rodando quente, na cidade, o que implica em velocidades moderadas... por mais que os motoboys tentem, não dá para atravessar a cidade inteira a 100 km/h.

Ao longo da vida útil, esse motor trabalha 95% do tempo na temperatura correta com a moto na velocidade média diária de 50 a 60 km/h. 

A postagem ficou muito longa e vou dividir em duas partes para não arriscar a perder a postagem de novo...

Amanhã eu continuo de onde paramos.


Um abraço,


Jeff

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Minha moto anda 1 km e para de funcionar sem motivo, ou não dá partida pela manhã

Edith agora cismou de parar pela manhã a caminho da padoca — por duas vezes ela andou 1 km certinho e apagou, se recusando a funcionar por um bom tempo.

Abri e conferi o tanque, gasolina havia, mas após algumas tentativas de dar partida, nada do motor funcionar.


Pensei nas causas possíveis, e....


Apresento a responsável por tantas motos pararem sem motivo logo depois de sair de casa, ou de terem grande dificuldade de partida pela manhã:
A tampa do tanque de combustível tipo aeronáutica!!!
Jezebel usa tampa de tanque sem frescura tradicional e nunca fez isso, enquanto Edith, com essa tampa tipo aeronáutica, moderna que nem essas aí de cima, está fazendo esse charme...

Qual a causa?


Para a gasolina fluir, é preciso entrar ar no tanque de combustível — e o respiro do tanque é feito principalmente através do miolo da chave, que nas tampas aeronáuticas fica embaixo de uma tampinha.


Se o respiro do tanque fica obstruído, a gasolina do tanque não desce para o(s) carburador(es) e a moto roda somente a distância que a gasolina contida na(s) cuba(s) permitir.


Uma possibilidade que não testei é que essa obstrução também afete as motos com injeção eletrônica, e aí ela apenas não dará partida facilmente, porque não tem cuba(s).


Com o respiro obstruído, ocorre uma pane por falsa falta de combustível do tanque.

Mas por que ocorre essa falsa falta de combustível? 


A poda é que a tampa aeronáutica vem com essa tampinha, e ela é uma obstrução que só fica esperando a hora para acontecer.


A vedação de borracha e aquela tampinha que cobre o miolo da chave, em condições normais, permitem a entrada de ar sem problemas.


Mas... há sempre um mas...


O tanque da moto elimina vapor de gasolina através do respiro da tampa o tempo todo durante o dia — em maior quantidade em dias quentes e quando a moto fica exposta ao sol.


E quando você estaciona a moto ao fim do dia, a gasolina dilatada pelo calor do motor esfria durante a noite e se contrai.

Quando a gasolina se contrai, a diminuição do volume gera um "vácuo" que suga a tampinha contra a abertura do miolo

Com a tampa limpa, nova, não acontece nada, o ar entra no tanque e ocupa o espaço da gasolina que se contraiu.


O problema é que com o tempo se acumula um monte de borra de gasolina evaporada na vedação e no miolo, e essa goma atua como uma cola, uma segunda vedação, que impede parcial ou completamente a entrada de ar no tanque.


Formado esse vácuo, a tampa e a tampinha aderem fortemente ao tanque e ao miolo, impedindo totalmente a entrada de ar e impossibilitando a saída da gasolina pela torneirinha — e desconfio que também complique o funcionamento da bomba de combustível em motos de injeção eletrônica.


O resultado é que essa pane por falsa falta de combustível vai acontecer inúmeras vezes, aparentemente sem motivo.


Você vai até a concessionária e o pessoal nunca encontra a causa, e acabam trocando tudo que não têm direito, às vezes cobrando caro para não resolver um problema tão simples.


Solução:


Limpe periodicamente a borracha de vedação do tanque com um pano — ou desengripante em aerossol, lembrou o Daniel — e mantenha o miolo da chave sempre limpo, e lembre-se de abrir a tampa do tanque e a tampinha do miolo antes de dar partida na moto pela manhã.


Eliminou o vácuo e descolou a goma, o respiro volta a funcionar normalmente pelo resto do dia.


E antes de ficar tentando dar partidas descarregando a bateria ou sair empurrando a moto, como fez um amigo meu, lembre-se de que ela é pesada o motivo de o motor demorar a voltar a funcionar é que leva tempo para a gasolina encher a(s) cuba(s) do(s) carburador(es).


Tenha paciência e espere o tempo suficiente para a gasolina descer, que é sempre mais do que você imagina, e tente dar partida novamente. 


Edith demora quatro vezes mais tempo do que Jezebel, porque as cubas do motor 250 são maiores, e são duas.


Esse tipo de pane é uma situação besta e muito comum, com solução tão fácil, mas que pode incomodar muitos novatos e até um ou outro macaco velho que nunca teve moto com essa tampa modernosa.


Bah, modernidades...

Só complicam.


Bom mesmo era no meu tempo.


Um abraço,


Jeff


PS: Conforme relato do leitor Deivisson Nobre (obrigado pela colaboração!), as motos de injeção eletrônica não apresentam esse problema de partida, mas têm seus macetes: 

Jeff, na minha moto que é injeção eletrônica esse problema não acontece, acredito que só as carburadas que necessitam mais da pressão atmosférica padecem desse mal das tampas aeronáuticas! 

Mas realmente elas entopem, quando a moto era nova e ficava no sol a tampa assoviava liberando a pressão dos gases, hoje isso não ocorre mais.

Às vezes a pressão interna é grande e dá trabalho abrir a tampa, sem falar no miolo da chave que emperra devido à corrosão do etanol, deixando uma goma e um zinabre no miolo.

Valeu, Deivisson!

Só fazendo uma ressalva observada pelo Daniel (passou batida por mim), dificuldade de abrir a tampa não caracteriza pressão interna, mas o contrário, uma depressão ("vácuo").

Se houvesse pressão interna, a tampa teria a tendência de abrir. 

Mas como a gasolina enviada pela bomba ao motor não foi substituída pelo ar atmosférico, este pressiona a tampa contra a sede, dificultando a abertura.

Essa confusão ocorre porque estamos acostumados a associar pressão com a dificuldade de abrir uma panela de pressão.

Mas a tampa da panela de pressão fica encaixada por dentro da panela, enquanto a tampa do tanque de gasolina fica simplesmente apoiada sobre o bocal.

Ou seja, o sistema de fechamento de uma é invertido um relação à da outra.

A pressão da panela atua de dentro para fora, e a pressão atmosférica atua de fora para dentro sobre o tanque de combustível.

Um abraço,


Jeff

domingo, 27 de setembro de 2015

O escândalo da VW e o mundo das motos

O que o escândalo da VW tem a ver com o mundo das motos?

Mais do que você imagina.

O que aconteceu na vw é o exemplo perfeito daquilo que denuncio há anos aqui no blog — a submissão da engenharia ao marquetingue*, sem atinar para as consequências.
*marquetingue = marketing rasteiro

Mas primeiro, entenda o escândalo da vw.


Em anos recentes a vw vendeu 11 milhões de carros movidos a diesel em todo o mundo* promovendo como o grande diferencial de seus veículos uma tecnologia inovadora chamada TDI Clean Diesel, "diesel limpo".

Imagem: http://jalopnik.com/why-did-volkswagen-delete-all-of-its-diesel-ads-from-yo-1731691453
* Menos no Brasil, onde automóveis de passeio a diesel são proibidos. Somente a picape Amarok utiliza esse motor por aqui.

Supostamente esses motores seriam bastante econômicos e muito menos poluentes graças a essa nova tecnologia de gerenciamento eletrônico.

Mas isso era uma grande mentira, porque eles não se destacavam da concorrência quanto à poluição, apenas driblavam os testes de emissões feitos pelos órgãos governamentais — e a vw foi flagrada atolada até o pescoço nessa trapaça, não teve como negar.


O software de gerenciamento eletrônico do motor diesel usado em vários modelos estava programado para colocar o motor em modo de baixo nível de emissões quando detectava que o carro estava passando por um teste de poluentes e não em uso normal.

As bancadas de testes de emissões feitos nos EUA e Europa simulam o funcionamento do carro em alta velocidade com as rodas colocadas sobre roletes. 

A malícia do programa estava em detectar que o volante de direção estava fixo, indicando que o carro estava sendo acelerado sobre uma bancada de testes e não em uma via pública.

O controle de emissões era ativado apenas durante o teste em bancada, e então o motor trabalhava em uma condição de poluição mínima, mas também de entrega de potência reduzida — algo que um motorista perceberia e ficaria incomodado, mas totalmente ignorado pela bancada de testes.

Com o volante mudando a direção do carro — algo impossível de fazer sobre roletes — o software entendia que o veículo estava em uso normal e liberava o pleno desempenho do motor; as emissões subiam para níveis muitíssimo superiores aos permitidos pela legislação americana e, agora descobriu-se, também a europeia.

Emissões de diesel são muito mais tóxicas do que as de motores a gasolina. As autoridades americanas e europeias entenderam que a atitude era criminosa e não serão boazinhas com o grupo vw, que também inclui outros possíveis envolvidos na audi, porsche, seat, e skoda; bentley, bugatti e lamborghini não fabricam carros a diesel, muito menos as motos Ducati. E resta saber se os fabricantes de caminhões do grupo vw, a Scania e a MAN — esta última conhecida no Brasil como vw caminhões — estão livres do problema.

Quem forneceu para a volks essa central eletrônica com o programa "defeituoso" foi a BOSCH, que tirou o dela da reta já em 2007 com um documento informando a vw que aquela central eletrônica era um "dispositivo de teste" e que seu uso em veículos comercializados seria ilegal. Dito isso, venderam alegremente 11 milhões de "dispositivos de teste" para uso ilegal, e continuariam vendendo, se não fossem pegos com a boca na botija... 

Essa descoberta caiu como uma bomba na imagem de toda a indústria alemã, e todos os fabricantes de motores a diesel no mundo todo estão sendo investigados para ver se alguém mais embarcou nessa canoa furada. Multas bilionárias e muita gente boa passando temporadas na cadeia estão a caminho.
Imagem e reportagem: http://www.dailymail.co.uk/news/article-3248718/Volkswagen-set-Porsche-boss-new-chief-prepares-major-cull-executives-emissions-cheating-scandal.html

Beleza, mas por que a vw deu esse tremendo tiro no pé? 

Analisando o processo, a vw caiu nessa armadilha basicamente porque foram impostas metas irreais de emissão de poluentes, desempenho, consumo de combustível, redução de custos e aumento de vendas — e os engenheiros conhecedores dos limites possíveis não firmaram posição contra exigências inatingíveis por receio de perder seus empregos.


As leis da Química e da Física não permitem que um motor diesel atinja as metas contraditórias de alto desempenho, baixo consumo, baixas emissões e baixo custo de fabricação impostas pela diretoria com base nas leis e nas pesquisas de marketing.

Então a única maneira que a equipe de gêneos da nova geração de engenheiros encontrou foi trapacear pensando que o macete era tão espertamente esperto que nunca descobririam.

Trapacearam e deixaram todo mundo muito pouto da vida, porque jogaram as consequências para cima da saúde da população. Enfisema, asma, bronquite, insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, câncer, etc. — automóveis a diesel são muito populares na Europa.

Tá bom, e o que isso tem a ver com as motos?

Metas de alto desempenho, baixo consumo, baixas emissões e baixo custo de fabricação impostas pela diretoria (com base nas determinações do departamento de marketing) são repassadas a todos os engenheiros de todas as indústrias automotivas, inclusive a de motocicletas.

http://aminearlythereyet.com/fake-motorbike-brands-in-china/

Veja um exemplo hipotético de como uma situação parecida com a da vw ocorreria para um fabricante qualquer de motos.

Nessa empresa hipotética, como na imensa maioria das empresas no mercado automotivo, todos trabalham com honestidade. Marqueteiros pesquisam e estabelecem as metas de produtos para que a empresa venda mais, engenheiros tentam cumprir as metas de especificações dos produtos que atenderão as preferências dos clientes e as normas governamentais, diretores tentam cumprir as metas de desempenho e lucratividade, acionistas esperam lucrar honestamente com a venda dos produtos da empresa — ninguém trabalha com o objetivo de trapacear deliberadamente os clientes, da mesma maneira que na vw também não.

Onde aparece o problema?

O problema estaria na forma como as empresas são estruturadas estabelecendo metas impossíveis para cada departamento — o resultado é que todos se empenham em cumprir ordens para preservar seus empregos, impossibilitados de fazer análises críticas, incapazes de perceber o resultado global e suas consequências. 


Na prática:

Para atender as metas de baixo consumo e as exigências das novas leis antipoluição, a única maneira encontrada pelos engenheiros desse fabricante de motos seria adotar novas tecnologias.

Por exemplo, o uso de injeção eletrônica de combustível e óleo lubrificante sintético de baixa viscosidade. 

Óleo mais fino ajuda a melhorar o desempenho e o consumo de combustível do motor porque ele gira mais desimpedido, faz menos força para vencer o atrito viscoso do óleo. 


Em compensação, tem um pequeno inconveniente:


Quanto maior a temperatura, ainda mais fino ele se torna, e passa com mais facilidade entre os anéis do pistão e a camisa do cilindro — o óleo é queimado e acaba desaparecendo muito rapidamente do cárteróleo de baixa viscosidade precisa ser reposto com mais frequência.

A engenharia do hipotético fabricante saberia disso, talvez até alertasse os outros departamentos, mas essa informação nunca chegaria aos clientes, porque comercialmente isso pegaria muito mal.

Alertar os clientes de que a moto iria consumir mais óleo desestimularia as vendas já não muito boas, ainda mais quando os consumidores estão engolindo a contragosto a novidade pelo fato de o óleo sintético ser bem mais caro.

De qualquer forma, mesmo que um ou outro problema surgisse antes do fim da garantia, legalmente a empresa estaria coberta — a documentação entregue ao cliente, o manual do proprietário, sempre mandou verificar o nível de óleo todos os dias. Se o dono da moto não faz isso, ou faz o procedimento errado, o problema é dele.

Então, para compensar essa desvantagem comercial do alto custo e maior necessidade de reposição de óleo, os departamentos de marketing e vendas fariam o seu trabalho de enfocar apenas os pontos positivos — eles precisam cumprir suas metas de aumentar as vendas. 

Veja que isso não caracteriza desonestidade da parte de ninguém, é apenas uma consequência da segmentação e departamentalização de todas as grandes empresas, onde cada departamento busca suas metas e todos perdem a visão global.
Parece que funciona, só que não...
Para vender melhor o peixe, os benefícios da alta qualidade e resistência à degradação do óleo sintético que resultariam em maior intervalo entre as trocas seriam enaltecidos — o cliente acabaria economizando e prolongando a vida do motor, diriam as propagandas.

E ninguém falaria nada sobre a necessidade de repor o óleo com mais frequência, um fator que não ajudaria a alavancar as vendas — ninguém divulgaria informações que poderiam afugentar clientes para a concorrência e isso não seria por malícia, mas pela dinâmica dos negócios.

Em algum momento do processo, a informação sobre eventuais problemas decorrentes dessa mudança do óleo desapareceria, se perderia no mar de informações gerenciadas. 

Mas o diabo mora na terra de ninguém, aquela zona cinzenta onde nenhum dos departamentos tem autoridade claramente estabelecida... 

E isso faria acontecer algo que nenhum dos departamentos seria capaz de prever devido à sua visão segmentada do produto...

Infelizmente, a ênfase na durabilidade e maior intervalo de troca do óleo sintético foi interpretada pelos clientes como "usando um óleo tão bom, não preciso me preocupar entre uma troca e outra"... e eles deixaram de verificar se aquele óleo tão bom estaria sendo consumido.

Além disso, os engenheiros não consideraram, ou sua argumentação não foi levada em conta pelo pessoal de marketing e vendas, que a solução aceitável para o país de clima temperado onde ficava a sede da empresa, o Kilongequistão, não era adequada para países tropicais como o Brasil.

Para funcionar no limite da viabilidade técnica com a mesma viscosidade do país original, os motores com o novo óleo fino dependeriam de uma manutenção rigorosa por parte dos clientes... e essa manutenção já não era rigorosa nem mesmo por parte da própria rede de concessionárias da marca muito antes da adoção do óleo fino.


Muitas de suas concessionárias não supervisionadas adequadamente continuariam usando uma prática temerária: 

Após as revisões, permaneceriam entregando as motos aos clientes apenas com a quantidade mínima de óleo, como sempre fizeram e poucos problemas tiveram em dezenas de anos. Aliás, por causa disso venderam muitas peças de reposição — o que sempre ajudou a cumprir as metas de vendas do fabricante e dos donos de concessionárias.

Os clientes confiantes na marca e na rede de concessionárias nunca imaginaram que a marca e a rede seriam capazes de uma prática moralmente condenável como essa.

Os proprietários nunca perceberam que suas motos novinhas já saíam da loja pedindo mais óleo a cada revisão porque com o óleo antigo os motores só davam problema muito tempo depois, e eles achavam esse prazo mais ou menos tolerável.

Acostumados a repor o óleo apenas em motos bem rodadas, os clientes não imaginariam que nessas motos com nova tecnologia o óleo mais fino iria desaparecer do cárter em uma velocidade absurdamente mais alta.

O resultado é que as motocicletas desse fabricante hipotético começariam a fundir o motor ainda em garantia e em quantidades nunca antes vistas na história deste país...

Isso seria um desastre para a imagem da empresa.

Em pouco tempo ela seria obrigada a apelar para expedientes como conceder trocas de óleo gratuitas na esperança de prolongar a vida dos motores.

Esse expediente fracassaria porque os clientes não ficariam satisfeitos com o alto custo das revisões em concessionária.


Com a quantidade de motos com o motor detonado e as críticas ao fabricante aumentando dia a dia, clientes migrando para a concorrência jurando que nunca mais comprariam motos da marca — desse jeito a empresa logo seria obrigada a reformar totalmente seus modelos recém lançados.

Aprimorar o projeto seria necessário para evitar que o óleo desaparecesse tão rapidamente do cárter, e assim conseguisse aumentar a sobrevida dos motores pelo menos até depois do fim da garantia.


Mas será que a empresa teria a coragem de tomar a iniciativa de adotar a solução que eliminaria de vez o problema?


- Assumir que as informações do manual do proprietário induzem a erro e corrigi-las,

- Dizer claramente para seus clientes que a quantidade de óleo em cada troca é maior do que aquela especificada no manual do proprietário, 


- Publicar amplamente na imprensa nacional, de maneira esclarecedora — e não da maneira que induz a erros de interpretação, como feito no manual do proprietário — o procedimento de medição correto do nível de óleo e sua complementação, de maneira que os clientes nunca mais sejam enganados quanto a isso, e todos fiquem sabendo, mesmo que não levem mais as motos a concessionárias,

- Informar claramente aos clientes de que agora eles precisam ser ainda mais cuidadosos com a verificação do nível de óleo, 


- Fiscalizar e obrigar suas concessionárias a cumprir rigorosamente os procedimentos de troca de óleo estabelecidos pelo fabricante, sem omitir a complementação necessária... 


Será que ela faria isso?

Afinal, as coisas do jeito que sempre foram sempre permitiram atingir as metas de vendas de peças de reposição e novas motos.

Abrindo mão da condição atual, como ficariam as metas de lucros e vendas futuras com as motos durando bem mais e consumindo menos peças de reposição?

Assim como no caso da vw, não há um único vilão nessa história da empresa hipotética.

O estabelecimento de metas cada vez mais elevadas, chegando à impossibilidade de serem atingidas, e sem encontrar resistência por parte daqueles que teriam a obrigação de socar a mesa e dizer não, dá origem a distorções que podem naufragar um transatlântico, uma empresa ou um país.


Pessoas sem nenhum pé na realidade e sem visão de longo prazo estabelecem uma meta e, quando a meta é atingida, dobram a meta — isso não pode dar certo.


O castelo de cartas vai crescendo cada vez mais alto até que chega um momento em que... 

Claro, este é apenas um exemplo hipotético.

Nenhum fabricante de veículos inteligente deixaria a situação chegar a tal ponto.


Ninguém daria um tiro tão estupidamente grande no próprio pé a ponto de destruir a reputação de qualidade e a confiança da clientela duramente conquistadas.

Ops, a vw deu... 


Será que alguém mais?

Um abraço,


Jeff

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Uma segunda-feira típica

Segunda-feira, dia típico de falta de trabalho, terminei mais uma das minhas postagens semiparanóicas e já eram três da tarde...

O dia estava muito bonito para desperdiçar almoçando em casa, e eu não estava a fim de comer um mcbob's.

A essa hora, eu só encontraria refeição quente em algum restaurante na beira de alguma praia daqui de Floripa. Me engano que eu gosto.

Resignado, fazer o quê? chamei a Edith para um passeio e lá fomos nós rumo à Barra da Lagoa, do outro lado da Ilha.
Imagem: http://www.imobiliariabuzz.com.br/blog/praia-da-barra-da-lagoa-reune-belezas-naturais-projetos-ecologicos-e-tradicao-pesqueira/

Enquanto atacava uma porção de lulas seminuas, dezenas de biquínis à milanesa tiravam minha concentração e me impediam de finalizar o cálculo da equação diferencial da fórmula química da transformação de água de torneira em gasolina sem álcool que resolveria a crise de energia mundial e acabaria com a guerra no Oriente Médio. O mundo e meus prêmios Nobel vão ter de esperar um pouco mais.

Duas abelhas vieram para fazer companhia, e fiz uma piscina de coca-cola com a tampinha da garrafa para que elas também curtissem a praia numa boa.

Nada mais para fazer, fiquei lá contemplando as paisagens lindas até o pôr do sol, quando elas tomaram o rumo de casa acompanhadas dos respectivos namorados, noivos e maridos. Bando de desocupados, deviam era estar trabalhando. 

Hora de Edith e eu voltarmos também, subo na moto e um garotinho de uns cinco anos fica pulando, saracoteando (nussa, essa é de antanho!)bulindo praticando bullying (o pessoal nunca ouviu falar do verbo bulir)apontando para nós e gritando entusiasmado:

— Vó, vó, olha, vó!!!! Um motoqueiro selvagem!!!

Imagem achada em http://www.tatibevilacqua.com/leite-com-groselha/dia-do-rockyeah

Restava saber qual dos motoqueiros selvagens eu era...

Tinha uma dúzia de motos estacionadas, mas nenhuma era "selvagem" — são aqueles prazeres que só óculos escuros e uma custom te proporcionam.

A felicidade do menininho foi imensa quando acenei para ele — estou certo de que naquele momento nasceu mais um futuro motoqueiro selvagem. Espero que ele logo aprenda a ler e visite o blog.

Bom, pelo relato você percebeu que estresse e istepô era tudo que não havia ao meu redor, certo?

Não havia, isso até chegarmos ao centro de Floripa e pegarmos o congestionamento da saída da ilha.

Ainda que as motos pegam corredor, mas eu estou meio cansado pra isso... ajudei a inventar o corredor em 1979... quero mais é me aposentar. Ando devagar porque já tive pressa...

O jeito é seguir na velocidade que a vida me ensinou, suficiente para conseguir frear caso alguém mude de faixa, abra a porta, pedestre atravesse na frente — 40 km/h já é uma grande vantagem comparado aos 5 km/h do pessoal dos carros.

Mas aí aparece a moto buzinando atrás de você. E aí aparece outro cara buzinando atrás do outro cara. E a terceira buzininha lá atrás...

Como não tem como se encaixar e sair da frente deles, e o corredor perto da ponte é o trecho mais perigoso por causa do maior número de pedestres, tomo a melhor atitude:

Reduzo ainda mais a velocidade... hehehehe... sou mau...

E sigo sem estresse... sem estresse... sem estresse, 
играть страуса!!!!

Como pagar mico sozinho é bobagem e a lei de Mutley não falha, adivinha quem está de carro parado ali no congestionamento?

Meus amigos Daniel e sua esposa Meri.

Me viram justamente no momento em que eu travava o corredor intencionalmente... Poxa, ficaram pensando que eu piloto ainda pior do que eles já sabiam...   

Assim que possível, deixei todo mundo passar e os outros motoqueiros foram embora. Buzinando. 

Quando chegamos à Via Expressa, carinhosamente apelidada pelos locais de Via Sem Pressa, Via Ex-Pressa e Via Estressa, o trânsito ficou naquela de não sei se vou ou se fico, não sei se fico ou se vou.

Detesto essa indecisão, porque o trânsito nem forma o corredor, nem avança desimpedido, então fiquei naquela de avançar junto com os carros no limite do perigo com todo o cuidado.


E como sempre, pilotar com todo o cuidado evitou a batida naquele carro que mudou de faixa sem olhar o espelho.

Edith freia de arrastar pneu, manifesto minha indignação em russo apontando o espelho do/da motorista.
Imagem: http://www.encontrodemotos.com.br/noticia/1253/o-motociclista-o-motorista-a-mudanca-de-faixa-e-o-acidente.html

Mas decisões tomadas por impulso nunca são boas.

O que era para ser uma pequena passada de mão no espelho do carro, com a velocidade remanescente da moto se tornou um tapão respeitável.

Insuficiente para deslocar o espelho, mas suficiente para desregulá-lo.

O que era para ser uma advertência brincalhona acabou se tornando uma ofensa gratuita, daquelas de ferver sangue nuzóio. 

Detestei fazer isso, porque não era minha intenção, eu só queria transmitir a mensagem para tomar mais cuidado e usar o espelho.

Infelizmente, deu a impressão de que tentei quebrá-lo — muita gente já morreu no trânsito por conta de brigas surgidas por atitudes impensadas como essa.

Além de tudo, acabei me desequilibrando e quase caí no meio da via... e muita gente já morreu por isso.

Pelo menos agora eu sabia qual dos motoqueiros selvagens eu era.

Ao chegar em casa, fiz um balanço das ocorrências e percebi que um dia que tinha tudo para entrar na lista dos mais perfeitos quase foi arruinado porque eu me deixei contaminar pelo estresse invasivo (epa!) causado pela nóia do trânsito.

Se a gente se deixar contaminar pela neurose dos outros, Floripa acabará virando uma cidade tão estressada quanto Rio ou São Paulo, e todos nós correremos o risco de nos tornarmos motoristas e motoqueiros selvagens.


Verdadeiramente selvagens, no pior sentido.


Não repita o meu erro. 


Um pequeno ato impensado e bobo pode ter consequências muito sérias e irreversíveis.


Paz no trânsito faz bem ao coração e todos gostam.


Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Começou a ceifa

Lembra do alerta que eu fiz sobre o aumento dos acidentes causados pelos donos de bicicletas elétricas usando essas maquinetas em avenidas e rodovias?

Começou a matança de ciclistas motorizados:
Reportagem: http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/07/ciclista-morre-apos-colisao-com-moto-em-rodovia-de-ribeirao-preto.html

Diz a reportagem que era uma bicicleta motorizada, mas se era, não sobrou muita coisa para contar a história.

Você que é motociclista, redobre os cuidados principalmente no início e final do dia, hora do lusco-fusco — esse acidente aconteceu às 6 horas da manhã.

Era inverno, estava escuro, esse veiculozinho não tem iluminação, e mesmo assim o ciclista se aventurou em uma rodovia.

Não só o motociclista, mas outros cinco carros não viram e atropelaram o ciclista...

Muita gente vai comprar essas bicicletas motorizadas para ir e voltar do trabalho — muitos outros acidentes como este continuarão a acontecer.

Quando comecei a postagem, achei que isso era coisa recente, mas encontrei registros de acidentes com bicicletas motorizadas pelo menos desde 2012...

E a maioria com o perfil descrito naquela postagem, o senhorzinho sem noção de trânsito que se empolga com uma bicicleta que não precisa pedalar e sai desrespeitando o trânsito.

E não se descuide nos fins de semana com o pessoal usando as bicicletas por lazer:
O ser humano é um bicho ruim da pleura
Mudei de opinião depois de ler o comentário do leitor Victor Garcia da Silva... há diferenças entre as bicicletas que eu não conhecia, e há um motivo que eu não imaginava para esse ciclista estar fora da ciclofaixa e que não é a ruindade da pleura... mas o risco sempre é muito grande.
Reportagem: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2015/07/ciclistas-ignoram-ciclovias-e-ampliam-o-risco-de-acidentes-em-campinassp.html

Nós motociclistas já não somos vistos com o farol aceso, nem ouvidos com o motor roncando, imagine então os ciclistas fora da ciclovia, ou em rodovias.

Tome cuidado, porque não resta outra coisa a fazer. 

Muitíssimas pessoas pedalantes subestimam o risco a que estão expostos.

Entre os ciclistas há quatro faixas etárias extremamente inconscientes dos riscos: os muitos jovens, os jovens, os maduros e os idosos. 

Os mais jovens certamente desconhecem as leis de trânsito, enquanto os mais velhos muito provavelmente também... 

Já os da faixa de idade intermediária não têm desculpa, porque muitos são habilitados, mas andam na contramão do mesmo jeito.

Ainda hoje vi um casal de ciclistas com bicicletas com mais marchas que todas as motos que eu já tive juntas, totalmente equipados com aqueles capacetões de ciclista que me lembram a irmã Bertrille, só que sem as asas e winglets. Irmã Bertrille revolucionou a indústria da aviação com as winglets.
Os dois pedalandando pela contramão atravessaram na frente de um carro que se preparava para atravessar a avenida central do bairro.

O motorista só aguardava uma brecha para cruzar rápido a via, olhando para o lado de onde os carros vinham.

Na hora em que aparecesse uma oportunidade, ele ia acabar passando por cima daqueles dois шуты.

Quase passou, brecou em cima. Quase tive de passar a manhã na delegacia testemunhando a favor do motorista.

E depois os jornais iam dar destaque para os ciclistas reclamando que ninguém os respeita no trânsito...

Это индейка.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ciclovia projetada por engenheiro mata mais um motociclista

Um engenheiro tinha um problema para resolver:

Como fazer os motoristas respeitarem as ciclovias?

Ele pensou que somente o maldito tachão não seria suficiente, então ele achou que usar o segregador de concreto, vulgo picolé, também conhecido como gelo baiano, seria uma boa ideia.

E assim ele ficou feliz da vida quando sua ciclovia ficou pronta, cheia de picolés para tudo que é lado, olha só que obra vistosa.

E também perigosa, mas o engenheiro não percebeu.
Imagem: http://www.clickcamboriu.com.br/geral/2010/03/camboriu-ciclovia-da-av-santa-catarina-recebe-protecao-contra-veiculos-2758.html

Nem passou pela cabeça do engenheiro que ele estava colocando obstáculos à circulação no caminho de carros, motos e também das próprias bicicletas que ele queria proteger.

Ele simplesmente não considerou que no trânsito existe uma situação muito comum, chamada "fechada", que obriga os motoristas / motociclistas / ciclistas a desviar repentinamente e instintivamente de outro veículo para evitar uma colisão.

O resultado foi este:

Imagem e reportagem: http://www.otempo.com.br/cidades/gelo-baiano-usado-em-ciclovias-%C3%A9-reprovado-por-causar-acidentes-1.793227

Os motoristas não gostaram de ter seus carros quebrados nessas armadilhas construídas pelo poder público com o nosso dinheiro público.

Os motoristas não gostaram de ver seus carros capotando por conta da infeliz ideia do engenheiro.
Imagem: Facebook Reportagem: http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/mobilidadeurbana/carro-capota-ao-colidir-com-gelo-baiano-na-avenida-bezerra-de-menezes/


http://rogeriopachecorp.blogspot.com.br/2014/05/blog-post.html
Nem os ciclistas gostaram da ideia, porque o picolé é um perigo para eles também.

Sabe, eu penso que a ideia de colocar em plena via pública obstáculos assassinos que podem causar acidentes para os veículos, e também para as bicicletas, é uma ideia indigna de um engenheiro.

Engenheiros são ensinados nas faculdades de Engenharia a pensar nas consequências de seus projetos sob todos os aspectos, especialmente o da segurança.

Lamentavelmente, alguns engenheiros (será mesmo que são engenheiros?) tiveram essa ideia esdrúxula e indigna de um verdadeiro engenheiro de implantar ciclovias com segregadores de concreto.

Uma ideia indigna de um engenheiro e que mata motociclistas.
Reportagem: http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2015/09/servente-perde-o-controle-de-moto-300-cilindradas-sofre-queda-e-morre.html

A imprensa enfatiza a "moto de 300 cilindradas", mas não publica uma palavra sequer contra o absurdo de colocar esses objetos com cantos vivos capazes de provocar acidentes e derrubar e matar ciclistas e motociclistas.

O piloto de Presidente Prudente caiu com as costas contra essa aberração e fraturou a coluna.


Fraturas de costelas potencialmente fatais também são previsíveis.

O motociclista morreu no hospital e não pôde expressar sua indignação por morrer por causa de uma ideia indigna de um engenheiro como essa.


Mas ele não pode falar, então eu tomo a liberdade de falar por ele.


Ilustríssimo engenheiro viário criador de ciclovias com tachões e segregadores de concreto:


Sua ideia indigna de um engenheiro destruiu a vida de mais um brasileiro.


Sua incapacidade de prever que algo como essa aberração com segregadores e tachões, que você batizou de ciclovia, poderia causar acidentes graves e fatais.


Sua falta de previsão custou a vida de um cidadão de apenas 35 anos. 

Sua inabilidade em prever os riscos envolvidos ao instalar deliberadamente obstáculos na via pública matou mais um motociclista.


Ele não pode reclamar, ilustríssimo engenheiro autor de uma ideia indigna para um engenheiro.


A voz dele nunca mais será ouvida. 


Os filhos dele não brincarão mais com o pai.


A esposa não terá mais o companheiro. 


Resta aos pais do rapaz enterrar o seu filho de apenas 35 anos.


Essa é sua obra, engenheiro.


Eis o resultado de sua aberração criada para "proteger os ciclistas".


Sua decisão de colocar esses objetos trouxe riscos a todos os usuários das vias públicas, inclusive aqueles a quem deveria proteger.

Admita ou não, o fato é que você é um homicida culposo, já que matou sem intenção, senhor engenheiro.

Não seria mais digno reconhecer que foi uma má ideia instalar essas abominações e ajudar a acabar com essas armadilhas viárias criadas pelo poder público?

Até quando você continuará matando cidadãos brasileiros dessa maneira, senhor engenheiro autor dessa ideia indigna para um engenheiro?

Até quando?

Jefferson