segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A casa caiu bonito — desdobramentos da postagem do óleo da CB Twister e CB 300

Vou publicar o comentário e respostas do leitor Eduardo, proprietário de uma CB Twister, feitos na postagem de ontem.

Pouca gente lê os comentários porque é necessário abrir a postagem em uma nova aba para obter acesso, então considero que publicá-los será de interesse geral.

O leitor Eduardo comprou uma CB Twister e comprovou na prática tudo aquilo que é denunciado no blog e na postagem de ontem — concessionárias desonestas continuam lesando os proprietários colocando pouco óleo na CB Twister.

Se ele não tivesse comprovado o nível de óleo por si mesmo ao receber a moto, acabaria vítima do mesmo enorme prejuízo que tantos proprietários de motocicletas vêm sofrendo inocentemente todos esses anos, vítimas do descaso da honda e demais montadoras.
Segue a troca de mensagens:


Amigos ótima noite.

Jeff curto muito seu blog e acesso todos os dias.

Há 1 mês atrás eu tinha feito algumas perguntas sobre uma CB 300 que eu iria pegar (primeira moto) fui prontamente atendido e dúvidas sanadas.

Resolvi pegar essa nova CB Twister no lugar da 300.

Faz exatos 2 dias que estou com ela e andei somente 15 km rsrsrs, estou esperando para emplacar certinho, gostei muito da moto, confortável, enfim...

De tanto ler e me informar chegando em casa logo fiz a medição do óleo, e adivinhem...

O nível não estava nem no mínimo, limpei a varetinha e fiz novamente o procedimento correto, nada do óleo aparecer, nem na pontinha da vareta.

Imagina, entregaram a moto com mínimo de óleo possível, porém eu já havia comprado 1 litro de óleo pois já desconfiava, no outro dia após fazer novamente a conferência resolvi completar e foi [necessário colocar] exatos 400ml de óleo.

O quanto colocaram, o quanto tinha não sei, porém com esses 400ml a mais o nível ficou certinho.

Sem palavras né pessoal, agradeço a todos vcs e a vc Jeff por antes de eu comprar já ter todas as informações para evitar surpresas desagradáveis com MINHA PRIMEIRA MOTO.

Olá, Eduardo! Obrigado pelo seu depoimento!

Vou incluí-lo na postagem para que sirva de alerta para todos os compradores, essa prática nociva continua sendo praticada por concessionárias sem honestidade e pior de tudo, concessionárias que continuam sem ser fiscalizadas pela honda.

Um abraço, (...)

Muito obrigado Jeff, como falei, todo dia dou uma lida aqui e já estava preparado para essa surpresa desagradável, tanto que nem quis bater boca com o vendedor que estava fazendo a entrega técnica da minha moto pois sabia que não iria resolver.

Comprei o mesmo óleo indicado por eles e completei em casa.

Incrível fazer isso com uma moto lançamento, ai bateu uma dúvida... Sera que isso é feito com motos mais caras como as 650cc ou 1000cc?

E também atenção nos 3 anos de garantia com 7 revisões GRÁTIS.

1ª e 2ª revisão somente a mão de obra é grátis, o óleo o cliente tem que pagar, a partir da 3ª revisão o óleo é grátis e a mão de obra quem paga é o cliente no caso da moto que peguei Cb Twister é de R$ 140,00.


Olá, Eduardo!

Eles fazem isso com todas as motos de menor cilindrada, não vejo motivo porque não fariam com as motos de maior cilindrada. 

O lucro com peças de reposição e serviços é ainda maior.

Todas as concessionárias sabem que precisam colocar mais óleo do que a quantidade especificada, o procedimento é claro nos manuais de oficina e é explicado nos cursos de treinamento de mecânicos. 

No entanto... a realidade está aí para quem quiser ver.

Estranhamente, curiosamente, misteriosamente, só o fabricante que não vê e não toma medidas para coibir uma prática que depõe contra a imagem da marca.

Talvez porque a desculpa de que o cliente abusou da moto caia tão bem.

É a palavra deles contra a do usuário, apoiada pelo certificado de garantia que diz que eles não dão garantia praticamente por nada que aconteça com a moto que possa se encaixar na desculpa do abuso por parte do cliente.

Só que a coisa chegou a níveis inaceitáveis com a CB 300, Titan e Bros. 

[Tiveram de refazer o projeto com motores com mais aletas e novos defletores de ar para tentar melhorar o arrefecimento dos motores e estancar a sangria de motores estourando em menos de um ano.]

Só mantiveram a XRE 300 por enquanto porque vende menos e a desculpa do uso abusivo cola ainda mais fácil porque motos trilheiras exigem mais do motor. 

Se esquecem de que a imensa maioria das XRE nunca verá uma trilha de verdade na vida, mas a desculpa cola.

Nas motos de maior cilindrada esse macete raramente é descoberto, porque geralmente são motos pouco rodadas e os proprietários de maior poder aquisitivo trocam pelo modelo do ano. 

A coisa só vai aparecer para o terceiro ou quarto proprietário, que encarará como mero azar de ter comprado uma moto usada.

Se fosse abastecida de óleo corretamente, atingiria uma quilometragem tão alta que daria prejuízo ao fabricante, o mercado de motos novas e imensamente lucrativas não giraria na mesma velocidade.

Um abraço, (...)

Então é isso, gente.

Agradeço a visitação excepcional para a postagem anterior, quebrou todos os recordes de visitação deste blog!

Que as pessoas tomem consciência de uma vez por todas dessa prática lesiva feita pelas concessionárias desonestas.

E que a honda e demais fabricantes criem vergonha na cara e impeçam de uma vez por todas que essa conduta vergonhosa continue a ser exercida por concessionárias que, afinal, carregam suas bandeiras e trabalham sob suas ordens e supervisão, não é mesmo?

Para todos os efeitos, o que elas fazem de errado é de responsabilidade da empresa que as autoriza a funcionar em nome delas, correto?

Volto a dizer, essa estratégia de entregar as motos praticamente sem óleo a cada revisão é praticada por concessionárias desonestas de quase todas as marcas, sem serem punidas pelas fabricantes.

Há concessionárias honestas, mas até agora, pelo que pude constatar, não são a maioria.

Descobrimos essa prática graças à dafra, famosa pelos casos de estouro de motor de Speeds e Kansas, problema que resultava do abastecimento com 1 litro de óleo em motores que necessitavam de 1,4 litro de óleo.

Agradeço ao Ministério Público Federal, que não tomou atitude alguma diante da denúncia que fiz contra a dafra diante da constatação de que o que era feito pela dafra não diferia em nada do que era feito pelas outras empresas.

Foi graças a essa posição do MPF que expandi minha pesquisa para os outros fabricantes e pude fazer as denúncias que publiquei aqui no blog.

Realmente, é impossível diferenciar a prática lesiva daquelas concessionárias desonestas da dafra das práticas lesivas daquelas concessionárias desonestas da honda, yamaha, suzuki e quase todos os outros fabricantes.

Concessionárias desonestas que vergonhosamente não são punidas ou fiscalizadas pelos fabricantes.

Há poucas e boas concessionárias honestas de todas as marcas. Cabe a você descobrir quais são.

E nunca confiar cegamente em nenhuma delas, porque a moralidade do pessoal pode mudar de uma hora para outra.

Basta ver o exemplo do governo eleito com a promessa de acabar com a corrupção neste país.

Nunca antes na história deste país se viu tanta lama cobrindo tantas negociatas — mas não se iluda:

Era assim no tempo do Império, era assim no tempo do Deodoro, era assim no tempo do Washington Luiz, era assim no tempo do Getúlio, era assim no tempo do Juscelino, era assim no tempo dos militares, do Sarney, do Collor, do Fernando Henrique, do Lula, da Dilma. E duvido que não será assim na mão de quem vier depois.

Encerro fazendo um paralelo da situação atual das casas caindo e das barragens caindo com este vídeo do desmoronamento do porto de Chibatão, em 2010, já ouviu falar?

Foi uma das primeiras obras aprontadas pelo governo que prometeu honestidade e transparência no financiamento de obras públicas e privadas deste país.
O puxadinho sem projeto de engenharia decente levantado a toque de caixa para aproveitar o financiamento governamental generoso mal aguentou o primeiro ano de atividade.

Na época pouca gente tomou conhecimento desse escândalo internacional, pelo que lembro foi muito pouco noticiado — eu não sou um cara tão desinformado, e mesmo assim só fiquei sabendo outro dia, vendo um vídeo estrangeiro.

Qualquer semelhança com o que aconteceu em Mariana... ou em postagens recentes daqui do blog...

Um abraço,

Jeff

17 comentários:

  1. Jeff, minha mãe tirou uma Bros 160 no dia 6 de novembro e como sou habilitado eu fui buscá-la. Medi o óleo conforme você e o manual recomendam e só a pontinha da vareta estava melada de óleo. Daí eu falei que a moto está com pouco óleo e um funcionário disse que eu não medi corretamente, e o mecânico mediu de uma forma parecida, mas não a correta e dessa forma também não melou a vareta. E aquele funcionário lá insistindo que eu medi errado, então questionei-o se ele lê o manual e o mesmo disse que lê já que trabalha todos os dias com isso. Então falei que ele deveria saber como medi e que fiz a medição conforme o manual.
    Então ele mandou levar a moto para a oficina e completar o motor, e ficou com uma cara de frustrado e irritado com a situação já que passou vergonha com os clientes.
    Estou num consórcio de uma Fazer 250, será que acontece a mesma coisa na Yamaha? Veremos...

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    1. Na Fazer 250 também acontece mas com menos gravidade. Colocando os 1350 ml que o manual manda, a vareta marca um pouco acima do médio seguindo a medição conforme o manual. Eu concluo que o ideal é o que um mecânico uma vez me disse, que a Fazer é 1 litro e meio, e realmente com 1 litro e meio marca certo.

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    2. Oá, Wesley!
      Talvez isso explique porque a proporção de gente reclamando da honda seja tão maior do que o pessoal reclamando da yamaha. Só não devolvo o Y para ela porque o certo é deixar o nível de óleo no nível máximo da faixa de medição. Entretanto, deixar no meio da faixa não chega a ser danoso para a motocicleta, cabe ao proprietário se assegurar de que o nível não chegue a ficar próximo ao mínimo.
      O intolerável é entregar a moto aos clientes já faltando óleo, como fazem muitas concessionárias da honda, e informar uma quantidade verdadeiramente insuficiente, como fazem honda, suzuki, dafra e outras.
      Um abraço, e obrigado pela informação,
      Jeff

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    3. Olá, Henrique!
      Acabei respondendo ao Wesley e não sei como não respondi para você antes, mas o fato é que o seu depoimento será o tema da postagem de hoje à noite.
      Muito obrigado por acompanhar o blog e contar essa história aqui !

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  2. Oi Jeff. Bem lembrado o desastre do Porto de Chibatão em Manaus (parece que foi na China, kkkk...), saibam os seus leitores que alí se perdeu parte do meu, do seu, do nosso dinheiro, investido nesta mega obra e arrecadado nos mega impostos a nós cobrados. Isso sem falar nas famílias que se desestruturaram pelas mortes. NÃO FOI ACIDENTE, mas resultado de desvios e corrupção desenfreada.
    Parabéns pelas visitações. Abração.

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  3. Obrigado Jeff por um post sobre minha desagradável experiencia...

    Infelizmente eu ja esperava que isso iria acontecer e ja estava preparado, tanto no psicológico quanto na compra de 1 litro de óleo a mais.

    Deveria ter gravado um vídeo, porem a 1ª revisão é com 1000 km e pode apostar que vou fazer um vídeo assim que eu retirar ela da concessionaria, mostrando a nota fiscal do serviço, data, horário, enfim algo bem completo para não dar margem para duvidas.

    Infelizmente isso vai continuar acontecendo com todos, mesmo com todas as provas e relatos ninguém faz nada sobre isso...

    OBS: Comprei em uma das mais famosas e antiga concessionaria Honda de Curitiba ( Cabral Motor ).

    Forte abraço a todos.

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  4. Sobre o atendimento, nota 1000.

    Desde o primeiro momento eu havia informado ao vendedor que gostaria a versão com ABS porem na cor branca, o mesmo me informou que não existe branca com ABS porem conseguiria fazer a chamada troca de roupa (procedimento autorizado pela própria Honda) sem nenhum custo.

    Fizeram mesmo e me entregaram toda documentação para regularização no DETRAN.
    Peguei então uma Branca com ABS.

    Ai depois de todos esses pontos positivos vem a decepção.

    Gostei muito de ter contribuído com a alavancagem de visualizações do site, sou leitor diário e digo que ja me ajudou e muito com todas as informações contidas aqui.
    Tenho certeza que ajuda tanto os iniciantes ( como eu ) quanto os mais experientes.


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    1. Eu que te agradeço imensamente.
      Nada como um relato em primeira pessoa de um proprietário constatando a manobra maliciosa para que as pessoas compreendam como o esquema funciona.
      É chocante que após tantos problemas com a CB 300, que inclusive obrigaram a tirar o modelo de linha, a honda continue permitindo essa prática daninha e perversa que só traz prejuízo aos proprietários e lucros para as concessionárias e a própria honda.
      Depois de tanto tempo denunciando, a honda não toma atitude nenhuma para inibir a ganância de péssimos profissionais.
      Onde estão as ações para coibir tal prática?
      Onde estão as punições exemplares e a vinda a público para denunciar esses abusos e deixar claro para todos de uma vez por todas o que é certo e o que é errado em relação à medição e à troca de óleo das suas motos?
      Está cada vez mais difícil convencer alguém que ela não seja conivente com essa prática.
      Muito obrigado, aguardo seus próximos relatos, um forte abraço,
      Jeff

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  5. Jeff...sou de Pará de Minas MG e tenho uma cb300 2010, troquei o óleo dela esta semana e confiei na oficina qdo me disseram que era necessário colocar 1,5L..fiz a medição agora conforme aprendi com você aqui no blog, sem rosquear a vareta, não apareceu óleo, rosqueando ela molhou a ponta. Tinha colocado 20w50 por ser um motor mais velho, mas tem problema se eu completar com outra marca de mesma viscosidade?
    Troquei a vela esta semana também e o mecânico achou uma rachadura no cabeçote, ela está ruim pra pegar de manhã, posso fazer o pastilhamento se mexer no cabeçote por enquanto ja que a grana ta curta??
    Desculpe pelo excesso de perguntas, mas essas pequenas manutenções terei que aprender aqui, ja que nenhuma oficina da minha cidade é confiável.
    Obrigado pelos esclarecimentos.

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  6. Tinha um quadro no Fantástico em que faziam uma reportagem sobre alguma questão de direito do consumidor. Geralmente fiscalizavam postos de combustível. Bem que podiam verificar o serviço de troca de óleo de motos.

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    1. Olá, Fabio!
      Acho difícil, viu?
      Posto de gasolina não faz anúncio na tv, já as montadoras...
      É aquela história do cachorro não morder a mão que o alimenta.
      Denunciar empresas anunciantes é complicado para a grande mídia.
      Só fazem isso quando a denúncia parte de algum escândalo investigado pelas autoridades. Mas eles mesmos não dão a cara para bater.
      Um abraço,
      Jeff

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  7. Jeff, coloquei 1,4l de óleo na CBX 200 e toda hora que ia medir o nível, ligava a moto. Coloquei cerca de 1,4l nela e espero que não fumaceie ou dê algum outro problema. O que pode acontecer se colocar muito óleo? Tem um vídeo no youtube que o cara abre o carter, mostra o nível até onde o óleo foi e mostra uma parte acima que, segundo ele, estava superaquecida (a cor é mais escura).
    https://www.youtube.com/watch?v=buiKds1AiwI

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    1. Olá, Thiago!

      Interessante ver aquela marca de óleo na carcaça do motor.

      A quantidade recomendada para a Strada no manual é 1,4 litro. Pelo que vimos para todos os manuais até agora, essa é apenas a quantidade mínima, se fizer o procedimento do manual com o motor frio, moto nivelada, ligando e desligando o motor em poucos minutos, sempre é necessário colocar um pouco mais para chegar ao nível recomendado.

      Rodar com óleo baixo causa aquecimento excessivo do óleo. Pelo jeitão daquela carcaça, essa moto não apenas rodou com pouco óleo, mas também o óleo não foi reposto no intervalo de troca e é bem possível que o dono tenha caído no conto dos "5 mil km sem se preocupar com óleo".

      Aquilo que ele diz também não dá para levar a sério não.

      O nível que ele aponta com o dedo como sendo ideal é bem mais do que a faixa de medição da vareta, se colocar tudo aquilo de óleo é capaz de causar um calço hidráulico e estourar o motor.

      A complementação pedida pela faixa de medição fica na casa dos 200 a 300 ml para um motor como esse. No da Kansas cabem 400 ml por causa do balanceiro que ocupa espaço na frente da carcaça.

      Um abraço, e obrigado pelo vídeo,
      Jeff

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    2. A pergunta importante é:

      Com 1,4 litro o motor pede complementação ou não?

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    3. Complementando até chegar no nível máximo da vareta você não está colocando óleo a mais, você está colocando o que a fabricante manda colocar, então não há motivo de preocupação.

      E já me enganei na hora de repor o óleo e cheguei a rodar com 2,1 litro de óleo dentro do motor da Kansas (1,4 litro). Só tive dificuldade na partida no dia seguinte, que foi quando percebi o problema. No mais, ela veio feliz da vida do Rio de Janeiro até em casa em Santo André.

      Em compensação, se passasse 100 ml do nível correto (não da quantidade, que o que está no manual sempre falta) na mvk regal raptor Fenix Gold, o motor começava a trepidar, ameaçando dar calço hidráulico.

      Um abraço,
      Jeff

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