quinta-feira, 20 de agosto de 2015

É preferível bater em um carro ou contra um poste?

É preferível bater em um carro ou em um poste?

Pode parecer uma pergunta maluca, mas a resposta sempre será um carro.

Espero que nunca aconteça, mas se um dia você tiver de optar entre bater na traseira de um carro ou desviar para a calçada, e nessa calçada houver um poste, árvore ou muro/parede que você vá bater de frente...

Por maior que seja o prejuízo, mire no carro.
Reportagem: http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2015/07/motociclista-morre-apos-colidir-com-poste-em-cruzamento-de-ribeirao.html

Postes e árvores são muito mais mortais do que carros parados. Muros e paredes de frente também.

O que mata em uma colisão é a energia do impacto.

Quanto maior a energia, maior o estrago.

Quanto mais dissipada for a energia do impacto, maior a chance de sobrevivência.

Ao bater contra um carro, parte da energia do impacto será transformada em deformação da lataria do carro, outra parte deformará a suspensão e o restante da moto.

Apenas a energia que sobrar será aplicada contra seu corpo enquanto você amassa a lataria e / ou quebra o vidro do carro.

Já postes, árvores ou muros / paredes não se deformam, então não absorvem energia, não dissipam o impacto — não pense que um capacete seja suficiente para amortecer o impacto contra uma parede.

O capacete poderá até ficar inteiro, mas a pancada do cérebro com o crânio será forte, e o cérebro não é uma das coisas mais resistentes... 

Mesmo que o crânio fique inteiro, o cérebro começa a inchar e para de funcionar porque a pressão lá dentro não deixará o sangue com oxigênio chegar.  

Além disso, não é só a cabeça que é frágil. Todo o resto do corpo tem um limite para a pancada que pode receber.

Nunca subestime a resistência de uma simples arvorezinha.


Reportagem: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/08/carro-parte-ao-meio-em-acidente-no-ce-e-jovem-sofre-apenas-arranhoes.html

Ao colidir de frente contra um poste, árvore ou muro / parede, praticamente toda a energia do impacto será aplicada contra a cabeça, pescoço, peito, abdômen ou países baixos do piloto. Ui !

E pior de tudo, em uma área muito pequena. Quanto menor a área, maior o dano.

Acima de 40 km/h, ninguém sobrevive a um impacto contra uma árvore, poste, muro ou parede.

Este vídeo enviado pelo leitor Otavio Torres (obrigado pela colaboração!) mostra como é fácil morrer em um impacto em baixa velocidade contra um poste:




Se houver possibilidade de optar, suas chances de sobrevivência serão muito maiores batendo contra a traseira de um carro parado, onde até existe a chance de você rolar por cima dele — dissipando a energia — e cair de pé do outro lado.



Mas se o carro estiver em movimento em sentido contrário, haverá duas energias para dissipar: a de sua moto e você em uma direção, e a do carro mais motorista, passageiros e bagagens do outro lado.

A energia envolvida aumenta muitas vezes devido à massa (peso) do carro em movimento (energia cinética), e aí não tem muito o que escolher, é evitar a colisão a qualquer custo.

A decisão entre bater contra um carro ou poste é difícil de tomar, porque o instinto é tentar evitar a batida desviando.

E nesse desviar nosso foco está em não bater muito mais por conta do prejuízo financeiro da moto e da indenização ao dono do carro.

Mas é importante saber que o risco de bater contra um poste, árvore, muro ou parede é bastante subestimado — obstáculos fixos são muito mais mortais do que parecem.

As pessoas normalmente não costumam pensar nessas coisas pelo ângulo da sobrevivência...

Só pensa nisso quem já fez um curso de pilotagem defensiva.

Ou é muito neurótico.

Mas eu não sou doido. 

Meu psiquiatra disse que eu sou normal. Ele e todos os outros. Até me deram atestado. 

Só não posso passar nervoso. Nem raiva. Nem estresse. 

Mas como, doutor? Sou brasileiro... 

Aí eles me deram uns remedinhos. 

Mas depois que comprei moto, não preciso mais. 

Só na hora de encher o tanque. 

E passar nos pedágios. 

E nos domingos à noite, quando toca aquela musiquinha do fantástico.

Brrr, preciso me cuidar, senão eu vou pra Jacarepaguá.

Neurastênico.

Um abraço,

Jeff

Um comentário:

  1. Sou motoboy e sinto um embrulho no estomago quando vejo aqueles postezinhos de colisao a beira da rua...

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