sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Como medir corretamente a folga da corrente da moto

ATENÇÃO: Informações atualizadas em 22/10/14 graças à minha nova experiência com a Edith.

Preciso trocar minha corrente a cada 10 ou 15 mil km, isso é normal?

Por que a corrente de transmissão dura tão pouco?

A corrente de transmissão da sua moto dura tão pouco por causa da esperteza dos fabricantes:

A informação publicada no manual do proprietário é incompleta, te induz a erro, e você mesmo acaba reduzindo a vida útil da corrente da sua moto.

Não é bem assim. 

Levei Edith para ver a folga da corrente, que eu estava achando muito pequena, e fui informado pelo pessoal da oficina do seguinte:

Dependendo da geometria do quadro, algumas motos realmente diminuem a folga da corrente com o peso do(s) ocupante(s), enquanto outras aumentam.

A Kansas é um desses casos em que a folga aumenta quando não tem ninguém em cima, e diminui quando o piloto ou piloto e garupa se sentam; motos com suspensão tipo pro-link fazem o contrário. Em Titans (e Fenix) ela praticamente não se altera, então as informações do manual podem ser aplicadas sem compensação.  

Considere essa nova informação quando ler o restante da postagem.


 Olha só que beleza de tradução: in. é abreviatura de inch, polegada em inglês...


Olha só a foto enganosa com os dois cavaletes abaixados...

Não é necessariamente enganosa para o modelo em questão, uma CG/Fan/Titan. Já uma ilustração feita em condições idênticas no manual de outras motos pode ser, como é o caso da Kansas.

O procedimento aparentemente bem detalhado simplesmente omite a informação essencial de que essa medida de 15 a 25 mm, 20 a 30 mm ou 25 a 35 mm é condição de uso: a medição precisa ser feita com o piloto (ou o piloto mais garupa) sentado(s) sobre a moto, ou seja, com a suspensão na posição normal de rodagem.


Esquecidos, né?

Você não consegue fazer o procedimento sentado sobre a moto, e raramente poderá contar com alguém para simular o seu peso durante o ajuste, mesmo que seja sua garupa (porque a regulagem com garupa envolve o peso de duas pessoas...)

O resultado é que você ajusta a corrente pelo valor recomendado e acaba pode acabar sempre mantendo a corrente muito esticada demais (isso foi intencional em todos os sentidos), o que acaba com a vida útil dela.

O manual do proprietário de motos de trilha (curso de suspensão maior e balança longa) pede uma folga maior, mas também omite a informação de que é necessário considerar o peso do piloto.

Agora que descobri que essa informação incorreta causava o desgaste acelerado da corrente, nas últimas semanas a corrente da minha moto não tem afrouxado, simplesmente porque não sofre estirões (não é extremamente esforçada) ao passar por lombadas ou buracos.

Então, mys friendes, aprendam mais essa. 

Se o manual simplesmente dissesse que a folga correta é entre 30 e 45 mm medidos sem o peso do piloto (ou piloto e garupa) sobre a moto, a corrente não se desgastaria tão rápido. 


Considere que essa folga varia em função do peso transportado, então a folga máxima deve ser usada somente para transportar garupa ou se o seu peso for próximo do meu da capacidade máxima da moto, que nas pequenas é de 150 kg.

Passou da folga ideal proporcional ao peso, a corrente poderá pular para fora, o que pode ser fatal.


O ideal é mesmo fazer o ajuste em uma oficina com você (ou você mais sua garupa) sentado(s) sobre a moto. Na oficina que eu levo a Jezebel, esse serviço nem é cobrado.

O andar de baixo tem um lugar quentinho reservado para aqueles que usam de artimanhas para vender peças de reposição mais rápido.


E também para os inocentes engenheiros que esquecem de publicar frases essenciais em seus procedimentos de manutenção.


Eu fui lerdo e penei para descobrir isso, o que me causou diversas situações perigosas. 


Você não imagina o que é ficar sem tração no anel viário de Curitiba e ter de reencaixar a corrente com as carretas e bitrens passando a 120 km/h a um metro e meio de você.


Se isso tivesse acontecido no rodoanel de São Paulo no trecho entre a Castelo e a Régis, esta postagem seria psicografada.


Ué, mas a corrente não desencaixou porque estava frouxa demais?


Aí é que está o macete: o que fazia ela afrouxar muito rápido era a folga insuficiente que eu pensava ser a correta porque estava conforme o manual. E o pneuzão fora da medida original acelerou o processo.

Dúvida do Bruno Vieira (modifiquei um pouco):

E quando a pessoa anda frequentemente sozinha, e às vezes carrega garupa, como fica? Toda vez tem que ficar regulando? 

O ideal seria regular todas as vezes para cada situação específica, mas isso não é prático.

A melhor solução é usar uma regulagem intermediária em função da frequência com que carrega garupa.

Veja que o valor máximo mencionado ainda não será suficiente para provocar o risco de pulo da corrente transportando apenas o piloto.

Isso só vai acontecer quando a folga da corrente for superior a 4,5 cm com você sentado sobre a moto, o que dá uns 6 a 7 centímetros sem o peso de ninguém.

Opte sempre pela segurança, nunca pela economia.

Um abraço,

Jeff

10 comentários:

  1. Mas Jeff, e em casos de que a pessoa anda frequentemente sozinho, e as vezes carrega namorada, como fica? Toda vez tem q ficar regulando?

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  2. Outra coisa... corrente apertada demais, ao se andar com peso (o do próprio piloto ou do garupa), incorre em um esforço excessivo no eixo do pinhão, fudendo inicialmente o retentor do eixo, ou em casos mais extremos pode fuder até o próprio rolamento (que geralmente leva embora a ponta do eixo junto).

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    1. Bem observado!

      Um abraço,

      Jeff

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    2. Isso realmente acontece. Corrente muito apertada fode com o pinhao, e sem falar no barulho e sensação de roda presa.

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  3. Exatamente na minha sahara eu estorei um pinhão e 3 daquelas presilhas do pinhão que não se acha em lugar nenhum porque não sabia da merda desse macete de que quando alguem senta em cima ela tensiona por conta do pro link kkkkkkk
    Dai que na ultima presilha de pinhão da cidade eu tive que realmente PENSAR e perceber que era a corrente ESTIRADA que fazia o pinhão ser praticamente retificado pelo eixo do pinhão.. que por sinal é bom pra CARALHO porque se fosse moto de hoje em dia ja ocorreria exatamente o que nosso amigo rickbass disse> Rolamento e eixo arreganhados.
    Mas ñ a sahara é fueda e eu ainda andava com GARUPA com a corrente estirada! kkkkkkkkkk

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  4. Bom dia amigos, comprem um esticador de corrente, mantendo sua folga original, e o problema está resolvido......

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  5. Bom dia amigos, comprem um esticador de corrente, mantendo sua folga original, e o problema está resolvido......

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  6. nao entendi nada mas o amigo celiobike deu uma dica que eu nao sabia que existia para modelos de baixa cilindrada vou ir atras.

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  7. Minha suspensão é pro-link (tenere 250), hj conferi a folga e vi que ela está em uns 3 ou 4cm. Quando estou com minha noiva eu sinto que a segunda marcha entra com mais dificuldade, muitas vezes preciso aplicar mais força na subida do pé para ela engatar, volta e meia cai no ponto morto e minha noiva me chama de barbeiro :(! mas isso só acontece quando estou carregando ela atrás, sozinho isso não ocorre. Pode estar ocorrendo folga excessiva da corrente com ela???

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    1. Olá, Tiago!

      Nas motos que pilotei, carregar mais peso na moto só esticou a corrente ainda mais, em vez de afrouxar.

      Acredito que na Teneré, apesar da geometria diferente da suspensão, seja a mesma coisa.

      A maneira correta de medir a folga da corrente é com alguém do mesmo peso que você (ou você e sua garupa) sentados nela.

      Ajustar a folga sem ninguém em cima, como todo mundo faz, exige uma reserva de um ou dois centímetros em relação ao que está no manual.

      Então, se a corrente está com o mínimo de folga para você, na hora em que ela está na garupa a folga se torna insuficiente.

      Peça para duas pessoas de peso equivalente ao de vocês dois se sentarem na moto e confira se ainda assim a folga fica dentro do que é determinado no manual, daí em diante você saberá o valor correto da folga da corrente para rodar com sua garupa.

      Um abraço,
      Jeff

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