segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ilustrando o que foi dito ontem...



O anjo da guarda dele pegou no pesado.

Dê um descanso para o seu, treine fazer curvas.

Um abraço,

Jeff

domingo, 29 de setembro de 2013

Leitura obrigatória

Outro dia na postagem Você compra aquilo que vê sugeri a leitura de uma postagem no blog Old Dog Cycles, essa aqui sobre as marcas de banda de rodagem nunca utilizadas por pilotos receosos de inclinar a moto.

Sucede que por lá aquela postagem desencadeou polêmicas, que acho bom também esclarecer por aqui.


Como disse o Bayer em sua resposta aos que o criticaram por "estimular" uma pilotagem agressiva, desde quando saber pilotar virou tabu?





Imagem: http://www.welshdragonforge.com obtida em http://www.dealsgap.com/

Eu concordo totalmente com o ponto de vista do Bayer Old Dog, considero uma leitura obrigatória, deveria ser tema de palestra em motoescolas por esse Brasilzão afora.

Vou contribuir com minha experiência mais marcante sobre como dominar a moto salva sua vida.


Era o longínquo ano de 1979, no trecho da serra de Santos havia uma única rodovia Imigrantes, o sentido era revertido de acordo com o volume do tráfego.


Feriadão de 15 de novembro, descendo a serra com muita chuva, trânsito pesado, um idiota com um Opala resolve andar colado atrás de minha moto.


Monitorando frequentemente o idiota pelo espelho, de repente o trânsito pára completamente na entrada do túnel. 


Pois é, nós estávamos descendo na contramão, não havia acostamento à esquerda, impossível frear com a pista molhada.


Ou eu me estatelava na traseira da Variant, prensado pelo Opala, ou desviava no reflexo e passava entre a parede do túnel e a fila de carros.


Mais ou menos como acertar a saída de exaustão térmica da Estrela da Morte na primeira e única chance. 


Foi por saber dominar a moto que consegui passar no reflexo por um espaço em que não havia 5 centímetros livres para cada lado, parede do túnel à esquerda, carros parados à direita.


Se eu não tivesse usado muitas manhãs de domingo para treinar curvas e manobras de emergência, eliminando a cera da banda de rodagem dos pneus, naquele dia eu teria virado estatística.


Então apoio totalmente a argumentação do Bayer.


Domine sua moto e salve sua vida inúmeras vezes. 


Saber inclinar a moto não significa pilotar que nem um doido; significa não cair e ter condições de se afastar da encrenca o mais rápido possível. 


É algo que merece ser treinado. 

Pilotar não é só ligar o motor e sair por aí; isso qualquer urso de circo é capaz de fazer.


Um abraço,


Jeff

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Viaturas em emergências

Os veículos mais comuns usados para o atendimento de emergências são as ambulâncias e seus irmãos mais novos, as viaturas de resgate.

Geralmente eles sinalizam sua aproximação muito bem e não deixam dúvida de que estão nas proximidades, é bastante fácil lidar com eles: 

Basta sair do caminho e não cair na tentação de segui-los. 

Além de ser proibido e gerar multa pesada, é grande o risco de que eles se envolvam em um acidente ou freiem repentinamente, e aí acaba sobrando para quem estiver colado neles.

Mas tem outro veículo de emergência um pouco mais complicado de se lidar:

Imagem: http://www.madmaxmovies.com Estão filmando o 4, Mad Max: Fury Road.  

A viatura policial.

Hoje uma delas passou por mim, e só percebi sua sinalização quando já estava perto demais para o meu gosto. 

Ou o aparelho de fazer estardalhaço estava rouco, ou é uma tática para não dar bandeira pros bandidos de que eles estão chegando.

O fato é que isso gera um risco grande para nós, surdos motociclistas. E esse risco muitas vezes é duplo (ou triplo):

Geralmente várias viaturas atendem a uma mesma ocorrência, então você pode acabar de ser ultrapassado por uma e, enquanto está preocupado com a possibilidade de ela causar um acidente bem à sua frente, já tem outra(s) viatura(s) atrás de você, tão apressada(s) quanto a primeira.

Então fique atento nessa situação: viaturas policiais podem aparecer de repente, inclusive pela contramão. 

Ouviu a sirene, viu o giroflex, se prepare para se livrar de situações potencialmente perigosas.

Inclusive a de que eles estejam interessados em você.

Aí é melhor não tentar fugir, porque o que poderia ser resolvido de maneira simples acaba virando um bode nos infernos.

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O perigo das peças chinesas

Não tenho preconceito contra motos chinesas, tanto é que tenho uma e, para minha surpresa, me deu menos problemas que minha primeira moto, uma das duas únicas brasileiras que existiam em 1980, fora a Amazonas.

Mas o fabricante de motos tem responsabilidade pelo produto; se alguma coisa der errado, o filme queimado é o dele. Então os fabricantes sérios testam o que recebem dos fornecedores para não colocar no mercado motos com problemas potenciais. 

No entanto, os fornecedores de peças de reposição não têm compromisso com ninguém; nas motopeças não existe um departamento de controle de qualidade para fiscalizar se o que eles estão entregando está de acordo com as normas de fabricação ou não.

E num mercado que prioriza sobretudo o baixo custo, a qualidade do material é fundamental.

Veja o caso de um câmbio chinês comprado por um amigo meu que eu não vou citar o nome, fique tranquilo, Dan.


Eixo de câmbio de moto com engrenagens de aço desgastadas
Imagem: http://www.robocore.net O pessoal que monta robôs aproveita peças de motos... quem diria.

O câmbio original chinês que veio na moto chinesa durou cerca de 70 mil km. Seu desgaste foi normal, todas as engrenagens foram se desgastando de maneira uniforme e no final um dente de tão fino se quebrou. 

Isso é o que sempre deveria acontecer com engrenagens feitas de aço.

O segundo câmbio chinês (vendido para motos Honda) vinha funcionando bem durante 20 mil km.

Por sorte dele (digamos assim), foi preciso abrir o motor aos 90 mil km por problemas de pistão. A surpresa foi ver que as engrenagens já estavam desgastadas quase a ponto de pedir troca.

Substituído o par de engrenagens mais danificadas, o novo câmbio durou apenas 700 metros. 

E não foi por erro de montagem, mas por má qualidade do material que não aguentou a instalação das engrenagens com os dentes em posição diferente da montagem anterior.

O fato é que as engrenagens explodiram porque não eram de aço, mas de ferro fundido. No dia que um dente se quebrasse, as engrenagens iam explodir e travar a roda traseira de maneira incontrolável. Tombo certo e potencialmente fatal.

Ferro fundido é um material barato, que se caracteriza pelo alto teor de carbono e pela fragilidade. 

É o contrário do aço, que aguenta muita pancada e se deforma antes de se quebrar.

O aço para engrenagens de boa qualidade é feito com médio teor de carbono e alguns elementos de liga, mais um tratamento térmico que lhe dá resistência sem torná-lo frágil.

Fazer uma engrenagem em ferro fundido é a maneira mais barata, basta fazer um molde e depois dar acabamento aos dentes e furos.


Polia de ferro fundido: aí não tem problema.
Mas isso é irresponsável: uma engrenagem de ferro fundido somente é aceitável para uma bomba de poço, nunca para componente interno de um motor.

Para comparação, a montagem final foi feita com o câmbio usado de uma moto quase contemporânea da minha primeira moto.

As engrenagens com mais de 25 anos de uso ainda tinham a aparência de novas, zero km, zero bala: nenhum sinal de desgaste visível a olho nu.

Então fica o alerta:

Não compre peças chinesas para o motor apenas porque custam barato.

Uma coisa é comprar um espelho vagabundo, outra muito diferente é ter o motor travado a 90 km/h na via expressa.

Um abraço,

Jeff

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Laça-gato, arame, elástico, fru-fru... não saia de casa sem eles

Motos vibram e soltam peças, você já sabe disso; mas até hoje não vi nenhuma moto perder o motor pelo caminho. 

Não que isso não aconteça... mas em geral elas soltam pecinhas pequenas, como parafusinhos, pininhos, travinhas e cupilhazinhas.
Travas e Cupilhas

Travas e cupilhas são grampinhos de arame que servem para impedir que os pinos das articulações se soltem. 

Pois é, não é que as próprias malditas são as primeiras a se soltarem? 

E elas sempre resolvem te deixar na mão quando você está a 100 km da cidade mais próxima... 

Por isso, nada melhor do que contar com um kit de pequenos reparos de emergência. Mas você não vai carregar parafusos, pinos e cupilhas de reserva, são muitos tamanhos diferentes. 

Então o negócio é usar gambiarras recursos técnicos de emergência versáteis para suprir a falta do componente desgarrado.

O arame dispensa apresentação, mas seu uso exige um alicate capaz de cortar e atualização da vacina antitetânica. Então o negócio é apelar para saídas mais simples e práticas.

Esta é a nem tão conhecida cinta de fixação de fiação, popularmente chamada de laça-gato ou enforca-gato (coitadinho do bichinho...).

A cinta Hellerman (esse é o nome de batismo) vem em vários tamanhos e normalmente é usada para prender vários condutores elétricos num único chicote, você tem algumas delas escondidas em sua moto. 

Nem pense em reaproveitar uma delas, depois que usou, não tem volta. Mas além do uso nos chicotes, a fita Hellerman é muito útil para improvisar um reparo até conseguir chegar à oficina mais próxima, ou mesmo até em casa.

Uma vez a cupilha da articulação do pedal do freio de Jezebel se soltou, um par de laça-gatos salvou a viagem. 

De outra, foi o pino do bracinho da embreagem lá embaixo no motor que foi para o infinito e além, acionei o manete da embreagem e ele nunca esteve tão macio e tão inútil... um laça-gato permitiu chegar em casa trocando as marchas sem problema.

Encostaram na moto estacionada, o canalha fugiu, o suporte quebrou e a placa ficou pendurada pelo arame do lacre? Trabalho para a língua de sogra (é como chamam aqui em Santa Catarina). Aconteceu com um grande amigo eu. 

Já elásticos e fru-frus são parentes, mas esses últimos costumam ser mais resistentes, daí a vantagem. 

Para a galera masculina que ainda não criou filhas, fru-fru é aquele elástico colorido que as quase adolescentes (para mais ou para menos) usam para prender os cabelos.
Melhor o fru-fru do que as cuecas.



Fru-frus são tão úteis que deviam ser vendidos em lojas de motopeças, já que afaná-los das proprietárias costuma render discussões frustrantes.



Para nós, a utilidade de elásticos e fru-frus é que eles podem entrar temporariamente (e bota tempo nisso) no lugar de algumas molas covardes que abandonam o barco no meio da tempestade.

Cavalete ficou mais pendurado que certos blogueiros em fim de mês? Fru-fru nele. No cavalete, não no blogueiro.

Pedal do freio ficou caidaço no meio da viagem? Dá-lhe fru-fru.

Indispo$to a trocar o capacete porque nunca prestou atenção naquela molinha da trava da jugular e ela foi embora sem dizer adeus? Trabalho para um frufruzinho.

Agora, se a situação for tal que nem laça-gato nem elástico nem fru-fru resolvem, então chegou a hora de apelar para a intrépida Chuck Norris dos macetes:


Imagem: Mythbusters Discovery Channel

Silver Tape.

Um abraço,

Jeff
PS: Quer ver uma aplicação genial para o laça-gato? Visite este link.

ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Água na gasolina falsa

Sabe como é feito o teste para medir a qualidade e a quantidade de álcool no gasohol na gasolina que você é obrigado a colocar no seu tanque?


Imagem: blogs.diariodepernambuco.com.br 

O frentista coloca um pouquinho de água numa amostra da "gasolina", mistura e, como mágica, toda porção de álcool se separa da gasolina.

A gasolina mais leve fica por cima e a parcela de 75 25% de álcool a preço de ouro vai toda para o fundo.
        

Agora imagina que você deixou sua moto estacionada na rua e desabou o mundo, São Pedro mandou água sem piedade, e o tanque da sua moto tem a propensão de deixar entrar água, ou porque a vedação não está lá essas coisas, ou porque os inginhêru colocaram a tampa no fundo de uma bacia coletora de águas pluviais, sem escoamento suficiente. 

Você vai tentar ligar a moto e ela vai grunhir, pipocar, chiar e reclamar, mas não vai funcionar com álcool puro no fundo do tanque, a menos que ela seja flex.

Não sabendo disso, sua primeira ideia será conferir se o cachimbo está seco, depois vai achar que a vela pifou, aí vai achar que o CDI ou a bobina foram para o espaço.

A mesma coisa poderá acontecer com gasolina adulterada, e aí nem precisa chover. 

Você poderá jogar dinheiro fora trocar todas essas peças, mas enquanto não eliminar toda a gasolina falsa ou o álcool acumulado no fundo do tanque, sua moto terá a dignidade de afirmar que não te levará a lugar algum com aquele lixo no lugar do combustível.

Está certa ela.

Um abraço,

Jeff
PS 1: No mundo inteiro, os fabricantes recomendam que seus motores não utilizem gasohol. Gasohol é o nome verdadeiro da porcaria que o governo obriga a Petrobras a distribuir. É a "gasolina" com menor teor de gasolina já vista no mundo, e também a mais cara do universo.

PS 2: Para saber mais sobre o teste da qualidade da gasolina, veja este site.

PS 3: Continua chovendo em Santa Catarina...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Vento lateral e arrasto aerodinâmico

Motos têm péssima aerodinâmica, mesmo aquelas carenadas, porque os humanos que as pilotam oferecem muita resistência ao ar.

A carenagem só começa a ganhar eficiência em relação ao peso morto que ela representa em velocidades acima de 100 km/h. 

A Hayabusa tem uma carenagem extremamente aerodinâmica, mas como em todas as esportivas, para ter algum benefício dessa proteção aerodinâmica o piloto é obrigado a ficar numa posição francamente desconfortável.

A garupa, então, periga sair voando.

Imagem: Achada no site seilaonde.seilaquando.

Algumas motos recebem a pequena proteção de bolhas acrílicas ou de policarbonato, mas sua única finalidade é desviar o ar do capacete; a moto e o corpo do piloto continuam recebendo todo o impacto das lufadas, principalmente as laterais. (Alguém ainda fala lufada?) (Repita bem rápido em voz alta: fala lufada fala lufada fala lufada fala lufada... mas sozinho, senão vão pensar que você é maluco.)

Rodando na cidade, talvez você nem perceba esse efeito.

Mas na hora que você se dispuser a pegar a estrada, atravessar descampados, rodar junto a praias ou represas, passar sobre pontes extensas, poderá se surpreender com rajadas intensas capazes de desviar sua trajetória de uma faixa para outra.

Ventos contínuos podem ser compensados inclinando-se a moto. 

Há exatos dois anos, os amigos Betho, Edifrans e Igor, Jezebel e eu atravessamos os desertos monoculturais paranaenses e pegamos uma reta na estrada onde parecíamos estar permanentemente numa curva, tal a inclinação a que éramos obrigados.

Outra fonte de ventos desestabilizantes são os grandes caminhões e ônibus. 

Ao te ultrapassarem, o deslocamento de ar te empurra o suficiente para você chegar ao limite de sua faixa de rolamento. Mas  em sentido contrário em rodovias simples, a pancada que eles te dão no peito chega a doer.

Depois de muita pancada, aprendemos a abaixar e prender a respiração ao cruzar com um caminhônibus. Minimiza a área do corpo exposta ao impacto da massa de ar a 220 km/h (130 dele e 90 nossos).

Já para os ventos contínuos, fique atento a bandeiras e árvores à beira da estrada. Bandeiras enfunadas (eita palavrinha) e galhos agitados indicam que você encontrará ventos preocupantes à frente.

Existe uma regra básica para avaliar a velocidade do vento lateral cruzando a estrada com base na posição de uma bandeira:




E dependendo da direção do vento, sua moto te deixará amargurado tentando passar de 80 km/h, ou te deixará felizão a 120 por hora.

Até você descobrir que a PRF ganhou um radar novo.

Um abraço,

Jeff
PS: Eu sei que você lembra que já tratei desse assunto duas vezes nas postagens  Vento, ventania e Quando o mundo acaba em dilúvio.

Mas é que hoje faz exatos dois anos dessa viagem, e a saudade da estrada é tamanha... navegar não é só preciso, é vital. Vital e sua moto.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Macetes de freios

Chove muito aqui em Santa Catarina.

Chove no inverno, chove no verão e chove na primavera.

Em compensação, no outono tem dia que não chove.

Um ou dois.


Imagem: http://helmetorheels.wordpress.com Detalhes no PS lá embaixo.

E pilotagem com chuva exige galochas um macete que a gente sempre esquece e só lembra na hora que isso faz mais falta:

Secar os freios.

Chuva é água que cai do céu (pode conferir, está no dicionário), e a água, além de molhada, gelada e parecer pedrinha (putz, será que aquilo era granizo?), a água é um lubrificante natural.

Cai a chuva, muita chuva, e seus freios vão ficando molhados e lubrificados. Essa é uma péssima combinação. 

Na hora em que as pastilhas de freio molhadas entrarem em contato com o disco (ou as sapatas com o tambor), seu freio vai demooooooorar para mostrar a que veio, e esse atraso pode significar uma bela de uma estabacada na traseira do carro à frente.

Mas como manter os freios secos com São Pedro mandando ver?

É simples, basta manter o manete e o pedal levemente, muito levemente acionados de quando em vez. 

Atrito gera calor e calor evapora a água. Freios aquecidos não deixam a água se acumular e respondem muito mais eficientemente se você precisar deles numa emergência.

Mas esse é um macete que não pode ser exagerado; freios superaquecidos também perdem a eficiência, principalmente os freios a disco (com fluido).

Quando muito quente, o fluido de freio forma bolhas de vapor, e elas roubam o esforço que você aplica no manete: antes de atuar sobre as pastilhas, a pressão vai perder tempo comprimindo as bolhas, e isso não é legal pelos mesmos motivos estabacantes acima.

Então não se esqueça de secar os freios antes de precisar deles, seu seguro-saúde agradece. 

Um abraço,

Jeff
PS: o http://helmetorheels.wordpress.com (capacete ou salto alto) é o blog de uma blogueira (obvious). Essa bela foto ilustra o dia de sua primeira aula de pilotagem, debaixo de chuva. Ela começou o blog quando ainda estava na expectativa de aprender a pilotar e vem atualizando com a experiência adquirida nesses dois anos. Incrível como a moto é uma experiência universalmente apaixonante. (Já as páginas em que ela fala sobre unhas, sapatos e acessórios de tricô só são universais para a outra metade da população do planeta.)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Você compra aquilo que vê.

Pilotando uma moto, essa frase ganha outro sentido.

Um daqueles mitos que se fala sobre motos é que a moto vai na direção do seu olhar.

Imagem: goggle

Espero que seja ela maior de idade. E habilitada. E realmente use aquele capacete...

Diz a lenda que, se você ficar olhando para um buraco, você passará por cima dele.

Eu nunca acreditei nisso, até que aconteceu comigo com um amigo meu. E inúmeras vezes.

Na mais patética delas, Jezebel e eu rodávamos há horas por uma estradinha deliciosa, cheia de curvas, quando algo fora do comum me chamou a atenção do meu amigo: 

Apareceu uma sequência de olhos-de-gato (aquelas tartaruguinhas que os infelizes colocam para separar as mãos de direção) ali no meio do nada.

Aquilo destoava tanto da paisagem que fiquei o meu amigo ficou olhando para elas e o resultado foi trepidante.

O fato é que isso não é lenda.

As motos realmente vão para onde nosso olhar nos leva porque a pilotagem é uma coisa instintiva.

Fazemos movimentos com o corpo que nem chegamos a perceber, tomamos decisões absolutamente sem pensar, e é por isso que a moto segue nossos pensamentos predominantes, e não necessariamente nossos desejos conscientes.

Sabendo disso, use esse conhecimento a seu favor.

Quando iniciar uma curva longa, não caia na armadilha de ficar olhando o terreno à sua frente; desvie o olhar para o final da curva, para o ponto onde quer chegar com a moto, sem se preocupar com a trajetória que pretende fazer.

E deixe a curva acontecer naturalmente.

Seu corpo adotará automaticamente a postura necessária para fazer a curva sem pensar, sem panicar e, o mais importante, sem chance de você comprar o terreno na beira da estrada.

Não se preocupe se precisar inclinar a moto mais do que está acostumado; se você estiver numa velocidade compatível com as condições de trânsito, você terá reserva para inclinar a moto.

Aprenda mais sobre essa capacidade de fazer curvas nesta excelente postagem do blog Old Dog Cycles

Um abraço,

Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Divulgação - Cordel dos Sonhos

Olá meus amigos! 

Aqui estou eu fazendo mais uma divulgação, desta vez de um projeto muito bacana do Richard Diegues.
 

Estou falando do Cordel dos Sonhos! 

Neste vídeo está uma explicação do projeto: 

Legal! E como eu ajudo?

A explicação mais aprofundada deste projeto está neste endereço aqui: http://catarse.me/pt/CordelDosSonhos

Resumindo: O negócio funciona como uma vaquinha onde você recebe uma recompensa por ajudar.

Existem diversos níveis de ajuda, de "10 reau" até "milão" e cada um com uma recompensa diferente.


Bora galera! Sejamos rebeldes em promover a leitura em tempos de youtube e áudio livro.


Vamos promover a imaginação.

Mais links:
https://www.facebook.com/CordelDosSonhos
https://www.twitter.com/CordelDosSonhos

Vinícius Melo

Fome x Pilotar = Risco

Alguma vez você já parou pra analisar o quanto estar com fome altera o seu humor?

Pelo menos para mim altera, e muito.
 

Fico bastante impaciente, sinais de trânsito parecem mudar de cor apenas uma vez por mês e todo mundo é lerdo.
 

Acho que não preciso dizer que isso aumenta consideravelmente o risco ao pilotar.
 

Pois bem, essa semana cometi um erro devido a essa impaciência que quase resultou em uma queda, não seria grave, mas seria dolorido pra mim e para a moto. 

Pilotar irritado é um perigo, pois tira sua atenção e você acaba negligenciando riscos (inclusive o de brigas).
 

Se estiver irritado, antes de subir na moto faça o seguinte mantra:
 

Dane-se trabalho, dane-se faculdade, dane-se o que me disseram, dane-se , dane-se, dane-se (palavrões são opcionais).


É importante limpar a mente antes de subir na moto para não acabar fazendo isso depois.

Vinícius Melo

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Modificações que não dão certo - Parte 3

Uma modificação bastante comum é a mudança do número de dentes do pinhão da moto.

Essa alteração simples e barata pode otimizar o desempenho para as condições em que você usa a moto.


Um dente a menos no pinhão torna a moto mais forte nas arrancadas, mas limita proporcionalmente a velocidade final.


Um dente a mais no pinhão pode melhorar um pouco a velocidade final, mas torna as arrancadas menos impetuosas. 


Em compensação, essa última opção tem a vantagem de deixar o motor girar mais à vontade em estradas, vibrando (e gritando) um pouco menos.


Motos de trilha são motos muito fortes (têm muito torque). Elas têm coroas enormes para enfrentar os obstáculos do fora de estrada, e por isso mesmo possuem velocidade final bem abaixo do que seria o ideal para rodar em rodovias.


Então, parece uma boa ideia alongar a relação de uma moto de trilha para viajar com mais conforto na estrada, certo?


Bem, isso pode dar muito errado.


Como o farol é alimentado diretamente pelo alternador, quanto menor a rotação do motor, menor a quantidade de energia gerada, e menor a intensidade luminosa do facho do farol...


Imagine a situação, você viajando todo contente com a moto mais gostosa, aí cai a noite e você descobre 
que a nova relação piorou ainda mais a iluminação daquele farol que já não era grande coisa....

Pois é....


Fazer alterações sem pensar em todas as possíveis consequências pode causar grandes problemas, porque é de noite que a vaca vai para o brejo.


Um abraço,


Jeff

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Briga de trânsito? Tô fora!

Hoje aconteceu um fato que me motivou a retomar este post, que começou com um vídeo onde um sujeito levou uma fechada, reclamou e o primata que guiava o carro jogou propositalmente contra a moto.

Felizmente não aconteceu nada, mas é um pequeno exemplo do que desentendimentos no trânsito trás: 

Mais problema. 

Quem não se lembra daquela senhora que achou merecido atropelar e tentar prensar um motoqueiro que chutou o carro dela?Por pior que tenha sido a atitude do sujeito, ela tentou esmagá-lo contra outros carros.

Em outro caso, um sujeito foi atropelado propositalmente após uma discussão. Hoje possui diversas sequelas e está processando a criatura que o atropelou, pode ser que ganhe, mas nada fará com que seu sofrimento desapareça

Muitas vezes tive oportunidade de enfiar uma bela de uma porrada em gente metida a besta, dá vontade, você que é motociclista e tem sua vida menosprezada por pessoas que se julgam semi deuses dentro de uma carroça qualquer sabe disso, mas sempre me lembro do caso de um amigo. Ele já estava estressado, estavam ligando pra ele e o irritando ele mais ainda, levou um fechada e houve uma colisão que destruiu a frente do carro que ele havia herdado do pai, saiu ileso do acidente e foi brigar com o sujeito que o fechou, hoje pai e filho repousam juntos.

É, acho que não vale a pena. 


PS: Hoje um sujeito jogou o carro pra cima de mim, pois não tinha visto ele pedindo passagem, sabem que fiquei realmente chateado ao ver ele passando pelo radar acima da velocidade permitida...

Vinícius Melo

Ônibus parados

Ônibus parados são sempre um problema.

Volumosos, estrangulam a rua quando param nos pontos. 

Opacos, encobrem pedestres e outros veículos que também estarão com a visão prejudicada por causa desses grandalhões. 

E você nunca sabe quanto tempo eles ficarão parados.

Imagem: http://www.avesstudio.com Uma loja de esculturas de jardim e materiais para esculturas. Algumas incríveis.

Ônibus escolar devia ser que nem lá fora: ele parou, todo mundo pára.

Às vezes tenho a impressão de que o motorista só espera algum motociclista começar a ultrapassagem para sair do ponto e colocá-lo numa sinuca.

Foi o que aconteceu ontem.

Jezebel e eu seguíamos no sentido bairro-centro num horário em que o fluxo de trânsito era mais intenso nessa direção.

Teoricamente, isso nos daria preferência no "corredor reversível" no meio das duas mãos de trânsito.

Mas lá na frente vi o ônibus parado na pista oposta, e apesar da “preferência” do meu sentido do corredor, minha visão além do alcance me fez intuir que aquele motociclista iria ultrapassá-lo.

Motociclista ultrapassando ônibus parado + motorista de ônibus querendo cumprir o horário = encrenca.

Sim, o motorista tocou em frente enquanto o motociclista iniciava a ultrapassagem.

Os dois vieram emparelhados na minha direção, o cara da moto com os zoião (zoiões?) mais arregalados que o Máskara em baile de debutantes nudistas.

Ele já estava apelando para Santa Eulália de Vaidarmer, mas o macaco velho aqui livrou a cara dele.

Deu sorte.

Outro risco ao ultrapassar ônibus parados são os pedestres que saem detrás dele. 

A coisa fica ainda mais feia quando é um ônibus escolar, as crianças descem do ônibus e atravessam a rua sem olhar, ainda mais se a mãe estiver chegando para buscá-las.

Já vi mãe se atirando na frente dos carros (e da minha moto) para impedir que o filho fizesse bobagem.

Então, todo cuidado é pouco ao avistar um ônibus parado, mesmo que ele esteja do outro lado da rua.

Tenha muita atenção e não se coloque numa situação complicada.

Nem sempre você encontrará um macaco velho para te dar uma mãozinha.

Um abraço,


Jeff

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A corrente da minha moto vive pulando fora da coroa

A corrente se solta da coroa quando você deixa de fazer a inspeção periódica e regulagem, já comentamos sobre isso nesta postagem aqui

Pinhão e coroa desgastados também facilitam o desencaixe da corrente. (Para saber como agir quando isso acontece, clique aqui.)


Isso é grave, porque a corrente saltando fora da coroa pode travar a roda, causando sua queda numa fração de segundo. Muita gente já foi atropelada por causa disso, e ninguém ficou sabendo porque não voltaram para contar a história.


Também pode causar acidentes fatais, como o mostrado nesta postagem.

Em condições de uso normais, depois da primeira regulagem obrigatória um ou dois dias após a instalação, uma corrente bem lubrificada e com folga correta pode passar muitas semanas sem necessitar de novo ajuste.

Mas às vezes pode acontecer de você regular a corrente hoje e daqui a dois ou três dias ela lacear e escapar de novo, e isso não é normal.


Algo está acelerando esse desgaste, e se você não corrigir a causa, ela continuará escapando, o que é sempre um risco de travamento da roda e queda.

O que pode causar esse desgaste anormal?

A regulagem incorreta pode ser a principal causa! Você pensa que está regulando bem a corrente seguindo as instruções do manual do proprietário, mas as informações te induzem ao erro. Essa é mais uma pegadinha esperta dos fabricantes que só descobri agora.

Falta de lubrificação acelera o desgaste, mas não a esse ritmo.

Para a corrente funcionar direito, o pinhão e a coroa precisam estar perfeitamente alinhados. 

Se a roda traseira ficar torcida na balança, a corrente trabalhará forçada e a vida útil da corrente será ridícula.

Mas aí você confere o alinhamento das rodas pelas marcações da balança, e está tudo normal...

Pense como um técnico:

Não há efeito sem causa, então qual é o fator que não estou considerando?

O desgaste de outros componentes que podem influenciar esse alinhamento: as buchas da balança e as buchas da coroa.


Imagem: http://www.falcononline.com.br/forum/index.php?topic=9032.0 Na foto, buchas de coroa de Falcon de um excelente tutorial do André BBB sobre a manutenção das de todas as buchas que astamos falando, vale a pena a visita ao fórum Falcon On Line.


Nunca tinha ouvido falar nelas, né? 
É outra coisa que ninguém te fala na hora de vender a moto. 

As buchas da balança fazem a articulação da balança no chassi da moto. São elas que permitem o giro da balança para cima ou para baixo ao passar por lombadas ou cair em buracos.

Se estiverem desgastadas, irão permitir o movimento lateral da balança durante as curvas. Aquela balançada que sua moto começou a dar sem motivo, lembra? Pois é.

Quando você olha a moto parada, tudo está alinhado. Mas se você não balançar a balança, não descobrirá essa folga que não deveria existir.

As outras buchas que podem dar problema são aquelas que amortecem o movimento entre a coroa e a roda.

Nem imaginava que elas existissem, né? Você e quase todo mundo.

Essas buchas permitem uma pequena torção da coroa no sentido do giro, isso é normal, são feitas para isso.

Mas quando elas se desgastam, também passam a permitir o deslocamento lateral da coroa em relação à roda, e isso causa o desalinhamento da coroa com o pinhão.


Um terceiro fator que pode causar o desgaste superacelerado da relação é o uso de pneus maiores que as medidas originais, mas já falamos disso nesta postagem aqui.


E uma coisa que você precisa considerar:

Há correntes baratas e correntes mais caras. As correntes mais baratas são do tipo simples, as mais caras são equipadas com retentores de graxa — pequenos aneizinhos de borracha que mantêm a graxa entre os elos e os pinos.

Correntes sem retentores se desgastam muito mais rápido que correntes com retentores.

Você paga mais barato, mas essa economia poderá sair muito cara se você descuidar da regulagem.


Um abraço,


Jeff
ATENÇÃO:
Conferir o óleo apenas tirando a vareta é errado e está destruindo seu motor! Os fabricantes divulgam informações contraditórias e o prejudicado é você. Veja a denúncia neste link.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A experiência com o novo guidão

Outro dia eu precisei trocar o guidão da minha moto, lembra?

A coisa complicou porque o guidão já não era o original, e não quis abrir mão do conforto do guidão mais alto.

Eu tinha duas opções:

1) Mandar fazer uma réplica, aguardar a cromagem por 15 dias e gastar 500 dinheiros, 

2) Arriscar um guidão que era pouquitita coisa mais alto e mais largo (uns 2 cm), estava à pronta entrega e custava 50 dinheiros.


Foi uma decisão terrivelmente difícil, mas no dia seguinte lá estava eu com Jezebel lépida e fagueira.



Já o guidão...

Imagem: porquinho à venda no ebay

Incrível como aquela diferença pouquitita deixou a pilotagem instável. 

Qualquer movimento no guidão implicava em borboleteadas federais pelas estradas da vida.

A direção ficou muito, muito leve. Eu sabia que guidões mais altos mudavam a ciclística, mas não imaginei que tão pouca diferença pudesse alterar o tanto que alterou.

O bom disso foi que tive que reaprender a pilotar minha moto, e de quebra arranjei assunto para esta postagem.

Vamos lá:

Eu somente voltei a ter controle sobre a moto quando passei a usar os pés para pilotar a moto.

Não, eu não passei a pilotar numa posição estranha...

O que eu passei a fazer foi reaprender a usar a força sobre as pedaleiras para compensar as fugas de trajetória da moto.

Eu já tinha comentado sobre a importância de firmar os pés nas pedaleiras para dominar a moto, mas essa experiência serviu para reafirmar essa necessidade.

Passados dois dias, nem parece que cheguei a pensar em jogar fora o guidão novo e procurar outro mais próximo ao antigo.

Se você não se sente seguro ao pilotar sua moto, experimente mudar sua postura e verá como a pilotagem melhorará:

Sente-se bem próximo ao tanque (ao centro de gravidade da moto); firme os pés nas pedaleiras e relaxe a musculatura dos braços e ombros.

Sua pilotagem melhorará muito em questão de minutos.

Um abraço, e bom divertimento,

Jeff