sábado, 6 de abril de 2013

A hora em que a vaca vai para o brejo (2)

Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/01/leao-baio-e-flagrado-andando-tranquilamente-na-serra-catarinense-4021218.html

Eu já tinha subido a serra pela BR-282, que é caminho para Urubici/São Joaquim/Serra do Rio do Rastro, uma das melhores estradas do mundo para se rodar de moto, mas não tinha ido muito longe porque começou a chover e eu ia acabar terminando o percurso à noite, o que não é recomendável.

Mas ontem à noite hoje de madrugada desisti de tentar dormir com a serenata dos meus vizinhos queridos (longe), então Jezebel me convidou para um passeio.

E lá fomos nós por esta estradinha linda acima, três e meia da manhã, estrada praticamente só para nós, quando chegamos numa curva maravilhosa e demos de cara com um representante da fauna local.

Não foi um leão-baio (como é chamada nesta região a suçuarana, onça parda ou puma vista recentemente na fota acima — aliás, na mesma estrada).

Mas era uma raposa um cachorro-do-mato ou graxaim, que infelizmente tinha acabado de ser atropelado e estava estendido bem no meio da pista. 

Carros e caminhões talvez passassem apenas pelo susto, mas poderiam tentar desviar e perder o controle.

Como ele estava bem no meio da pista, essa situação é muito mais perigosa para uma moto.

Bom, o fato é que parar para remover o corpo do pobre raposinha graxainzinho e talvez salvar alguém de um tombo feio pode ter salvado minha vida.

Consegui desviar com um belo susto, até aí o normal para a situação. 

No entanto, ao tentar manobrar para retornar ao local do atropelamento, percebi que eu não tinha domínio da moto.

Quase caí ao fazer o retorno em baixa velocidade; acabei ficando atravessado por alguns instantes na rodovia, tentando juntar forças para não deixar a moto cair e tirá-la dali, pernão para um lado e a moto pro outro.

O que aconteceu foi que eu havia ficado entorpecido pelo frio da serra, sem perceber. 

Enquanto pilotava em alta velocidade, a moto se equilibrava sozinha, tudo ia muito bem.

Mas ao diminuir e precisar de maior domínio sobre a moto, eu simplesmente não tinha força suficiente. Remover o animal da pista foi mais difícil do que parecia a princípio.

Esse entorpecimento causado pelo frio é extremamente perigoso. Já havia acontecido comigo há uns muitos anos, ao parar no semáforo não sentia o chão e quase dei de cara com ele.

Como seguir em frente ia me levar para regiões ainda mais frias, aproveitei para contemplar o céu onde a única nuvem era formada por estrelas, recuperei um pouco das forças e voltei até um posto localizado uns 20 km antes, onde me aqueci e pude retomar a jornada para casa.

Só que esses 20 km foram de um sacrifício impensado, a moto parecia reagir de maneira estranha, parei duas vezes para ter certeza de que os pneus não estavam furados.

O problema não estava em Jezebel, e sim na minha preparação inadequada para a viagem (e nos meus vizinhos).

A morte da raposinha do graxainzinho salvou minha vida. (Já meus vizinhos, esses quase me matam todos os dias... mas já arranjei um lugar sossegado para morar, semana que vem estou livre deles).

Há malas que vêm para bem.

Um abraço, 

Jeff

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