domingo, 27 de janeiro de 2013

Premonição?

Escrevo sob o impacto do incêndio trágico na boate Kiss do Rio Grande do Sul.

Semana passada eu andava deprimido e, sem poder dormir, comecei a ler páginas aleatórias da wikipedia.

Encontrei um tópico sobre um grande incêndio ocorrido numa boate nos Estados Unidos, e um tópico faz referência a outro, acabei lendo sobre muitos incêndios trágicos ocorridos em locais públicos de grande movimentação de pessoas. 



Boate Cocoanut Grove, Boston, EUA, 1942

Todos eles tinham em comum os fatos de serem revestidos com decoração inflamável, e o local não possuir saídas de emergência compatíveis.

Essas tragédias serviram para que a legislação de construções fosse alterada, com a obrigatoriedade de instalação de portas de emergência anti-pânico e fiscalização rigorosa pelas autoridades de construção civil e bombeiros.

Essas tragédias ocorreram nos EUA e Europa há mais de 60 anos. A maior parte delas há mais de 100 anos.

Infelizmente, na América latina não aprendemos nada do que se faz de bom por lá.

Um incêndio em uma boate ocorreu em condições idênticas na Argentina em 2004. 

A banda também havia usado fogos de artifício no interior de uma boate revestida de decoração inflamável e sem saídas de emergência compatíveis. 


Na América latina, não aprendemos sequer uns com os outros.

E não aprendemos nem com nós mesmos. Ia esquecendo, houve o incêndio do circo de Niterói, em 1961.

Cada tragédia dessas representa um desastre maior que o do Hindenburg. 

Talvez a queda do Hindenburg não pudesse ser evitada. 

Mas esses incêndios poderiam ter sido evitados apenas com bom-senso (acender fogos de artifício num ambiente interno?), atuação preventiva das autoridades (fiscalização e cumprimento da legislação por pessoas competentes e não subornáveis) e algum conhecimento de História (o desastre na Argentina, pelo menos...).

Mas as pessoas não se interessam em conhecer a História, o casulo fechadinho dos amigos do facebook é mais legal.

Ah, a humanidade... 

Infelizmente, tragédias como essas continuarão a acontecer ainda por muito tempo nestas terras.

Desculpem por postar algo tão fora da proposta do blog, mas eu precisava desabafar.

Para quem se interessar, preste atenção nas datas (quase todos em inglês, mas o tradutor do google está aí para ser usado)







domingo, 20 de janeiro de 2013

Oh, the humanity!

Fonte: http://www.thehistoryblog.com/archives/11531

Hoje foi dia (cacófato intencional) que eu não devia ter saído para dar uma volta.

Logo no trevo embaixo da BR, dou de cara com um cidadão que pensa que estamos em Londres e resolve fazer o retorno pela contramão. 

Era ele ou eu, atravessei a moto na frente dele e ele teve que voltar de ré. 

Esse foi o número 1. 

O número 2 foi outro cidadão trafegando pela contramão. Avançou 100 metros e parou do meu lado sobre a calçada.

Tasquei-lhe um CONTRAMÃO, TIO!!!! na orelha, ele sorriu e disse... obrigado!

Vinha eu (ui!) filosofando sobre como é perigoso sair na hora do almoço de domingo por estas bandas, onde o pessoal costuma chapar o coco, costume herdado de outra época, quando não havia o trânsito que existe hoje, momento em que mais um cidadão quase perde o controle do carro na curva.

Esse foi o coco chapado número 3.

Parei na padaria para tomar um suco de laranja (sério, não bebo nada quando piloto), porque o dia começou pesado.

Foi aí que ocorreu o evento número 4, motivo desta postagem.

Ao sair da padaria, atravesso o cruzamento e viro à esquerda. O único trânsito era uma motonetinha lilás vindo lá na outra quadra. 

Cruzo a rua e percebo que a motonetinha era ocupada por duas garotas e estava em alta velocidade, incompatível com aquela rua. 

Deviam estar a uns 70 km/h numa rua sinalizada para 40 km/h.

Mas não houve nenhum risco de acidente, cruzei na frente delas e quando alinhei a moto de frente para elas, ainda estavam a uns 50 metros de mim.

Pois esses 50 metros ambas as duas moçoilas passaram me xingando. E continuaram me xingando. Devem estar me xingando até agora.

Eu entenderia a reação delas se eu estivesse num carro, caminhão, ônibus, semirreboque ou bitrem.

Mas Jezebel é tão curtinha... e nós estávamos tão longe...

Foi nesse instante que me veio na cabeça o título da postagem de hoje.

Duas meninas tão novas, tão cheias de vida, e tão candidatas a virarem estatística...

Oh, the humanity....

Um abraço,

Jeff

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Vento, ventania

Há regiões neste nosso país que são privilegiadas quanto ao vento recebido.

Cidades no litoral e em regiões descampadas permitem maior velocidade dos ventos, e isso traz situações potencialmente perigosas para o trânsito, não somente de motocicletas.

Dá uma espiada no que os ventos (e também no que os caminhões) são capazes de fazer: (tem som)



Não somente a moto pode ser desviada violentamente para um lado, mas caminhões de carroceria alta vazios podem tombar sobre a pista, como você viu.

Taí uma situação para se evitar, evite ultrapassagens em condições de muito vento; não apenas sua moto poderá dançar, mas caminhões e ônibus (principalmente vazios) poderão jogar de lado para cima de você.

Os ventos costumam ser mais intensos à beira-mar nas cidades litorâneas (dâhhhh!), mas nas estradas do interior ele pode aparecer de repente sobre pontes, viadutos e áreas descampadas.

Existe um outro tipo de vento que também pode desequilibrar a moto, se você não estiver preparado para enfrentá-lo:

O deslocamento de ar lateral de caminhões e ônibus. 

Ao ser ultrapassado por um desses, esteja preparado para não ser empurrado para fora da sua faixa de rodagem.

E ao cruzar com eles em estradas de pista simples, cuidado para não ser jogado para o acostamento. 

O impacto do ar deslocado pelos caminhões e ônibus em sentido oposto é uma verdadeira pancada. 

Você poderá amenizar o impacto mantendo-se abaixado sobre o tanque, assim o golpe vai contra o capacete e não contra seu peito.

Um abraço,

Jeff

domingo, 6 de janeiro de 2013

A hora em que a vaca vai para o brejo...

...costuma ser à noite.


Esse é um dos principais motivos para não fazer viagens noturnas pelas estradas deste nosso(?) Brasil varonil.

A foto foi tirada ontem pela Polícia Rodoviária Federal em plena BR-282, a principal via de ligação leste-oeste de Santa Catarina.

Mas recentemente houve um acidente fatal na BR-101, a principal ligação norte-sul. Um local conhecido como Morro dos Cavalos.

Esse acidente envolveu três motos, um carro, um caminhão e um cavalo. 

Infelizmente, a irresponsabilidade do proprietário do animal resultou na morte de mais um motociclista.

Atualizando a informação, ontem à noite (10/01) aconteceu novamente na BR-101, felizmente sem vítimas, a não ser o touro (que sobreviveu).

E mais uma atualização:

Detalhe que a vaca estava "solta na estrada em Santa Catarina" e a reportagem da globo a filmou lá na Freeway do Rio Grande do Sul... Voou longe essa vaca.

Como esse quadro não vai mudar, só nos resta ficarmos atentos e preparados mentalmente para desviar de animais cruzando a pista.

O perigo é maior à noite, mas nada impede que animais desgarrados cruzem rodovias em plena luz do dia.

Cavalos e vacas não recuam, então encontrando um bicho desses cruzando a sua frente, a melhor alternativa é tentar passar por trás dele.

Já cachorros são mais espertos e podem alterar sua trajetória e mesmo recuar diante do perigo. São mais difíceis de evitar.

Respeitar os limites de velocidade ajuda muito. Velocidades mais baixas permitem uma fração de segundo a mais para tentar uma manobra evasiva.

E numa situação dessas, uma fração de segundo é uma diferença de vida ou morte.

Um abraço,

Jeff 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Pilotagem com Garupa - Parte V

Eu achava que já tinha falado tudo que tinha para ser falado sobre pilotagem com garupa, mas....

Essa aconteceu numa rua aqui perto de casa. Não vi, mas quando um amigo me contou, tive que postar. 

Imagina a cena linda:

Estava o piloto pilotando e sua garupa segurando firmemente nas alças de apoio enviando um torpedo pelo celular....


O trânsito em Uganda não mata tanto quanto aqui... ainda.

... quando o motociclista abre o gás, acelera com tudo.

Desequilibrada, para não cair, a garupa se pendura na gola da camiseta do piloto, e os quatro (piloto, garupa, celular e a coitada da moto) quase vão para o chão.

Quem viu, deu muita risada. E quem imaginou a cena, também.

Então, você piloto e proprietário da moto, que não quer ter prejuízo e dor de cabeça, oriente sua garupa a não atender o celular, enviar torpedo, jogar angry birds, etc. etc. etc. enquanto estiver a bordo de sua moto.

A responsabilidade pela segurança é sua. 

Fazendo isso, você ganha e todos ganham, inclusive os pedestres e outros motoristas.

Um abraço,

Jeff

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Minha moto nova não funciona - Parte III

Você acabou de comprar sua moto 0 km e está todo feliz com ela. 

Mas, como todo bom e honesto brasileiro (os desonestos não precisam fazer poupança nem pagar juros pornográficos, eles pagam com dinheiro vivo guardado na cueca), o dindin só deu para pagar as despesas da compra....


Então você chega no posto e manda colocar só 5 reais, torcendo para o frentista errar e colocar uns centavos a mais (sei como é, sou brasileiro honesto)...

Não cometa esse erro!

O tanque de combustível da moto vem da fábrica protegido com um óleo protetor anticorrosivo para evitar oxidação enquanto a moto espera por um dono no pátio ou concessionária.

Esse óleo é mais viscoso e não queima igual à gasolina, então ele precisa ser bem diluído numa boa quantidade de gasolina para evitar problemas de falha de combustão.

Se você colocar apenas 2 ou 3 litros de combustível, todo o óleo se diluirá nessa pequena quantidade de gasolina, formando um líquido gosmento que vai entupir as passagens estreitas do carburador.

Mesmo que sua moto seja flex, nos primeiros 2 ou 3 abastecimentos use apenas gasolina, e de preferência aditivada.

Se você não tomar esse cuidado de encher o tanque logo no primeiro abastecimento, sua moto poderá apagar no meio do trânsito, criando uma situação perigosa. 

E será muito difícil conseguir fazê-la funcionar novamente até que toda essa contaminação seja eliminada do tanque e carburador.

Isso deve estar recomendado no Manual do Proprietário de sua moto, mas como todo brasileiro (infelizmente), você não leu antes de sair da concessionária, né?

Pois devia, porque lá há muitas informações importantes que podem impedir vários problemas de sua moto.

E poupar grandes prejuízos e evitar risco de acidentes.

Mas isso é assunto para outras postagens...

Um abraço,

Jeff

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ih, não deu....

Feliz Ano Novo!

E para começar bem o ano, nada como um acidente de moto sem gravidade, mas muito educativo e bem documentado.

Aliás, tão bem documentado que você pode ver tudo acontecendo pelo espelho retrovisor da moto, em câmera lenta, de trás pra frente, de frente pra trás...

Confere aí:



De repente, do nada, você é surpreendido por uma Varadero ensandecida tentando passar por baixo da sua moto...

Como isso aconteceu?

Essa situação pode ser resumida assim:

Acho que dá... ih, não deu!

O piloto da Varadero (a moto vermelha) tinha uma visão clara da estrada reta à frente e vinha embaladão

Ele calculou que ia chegar bem perto da moto à frente (a XT1200 azul) bem na hora que o carro na outra pista passasse.

Então ia jogar tudo para a esquerda e fazer a ultrapassagem sem perder velocidade, show de bola, adrenalina, iuhuuu.

Só que ele não contou com o imprevisto:

O piloto da XT1200 azul reduziu para entrar na estradinha vicinal à esquerda...

Aí o cara que vinha embaladão precisou frear e não conseguiu controlar os quase 300 kg da Varadero, que só pôde rastejar humilhada, torcendo para ninguém estar filmando tamanha vergonha.

Tadinha dela...

O que causou este acidente?

Aqueles fatores de sempre:

1) Não contar com imprevistos previsíveis;

2) Não prever distâncias e margens de segurança; 

3) Não ter o domínio da moto em frenagens e manobras de emergência.

Eliminando apenas um desses três fatores, este acidente não teria acontecido.

Espero que todos tenham curtido este vídeo tanto quanto eu.

Um abraço,

Jeff